Participamos do

O que se pode tirar da epidemia da aids para conter a Covid-19?

Para o diretor da Sociedade Internacional de Aids, Kevin Osborne, qualquer resposta envolve a intensificação de testes e a mobilização de fundos privados para pesquisa
10:21 | Abr. 03, 2020
Autor AFP
Tipo Notícia

Quais são as lições do HIV para conter a Covid-19? Para o diretor da Sociedade Internacional de Aids, Kevin Osborne, qualquer resposta envolve a intensificação de testes e a mobilização de fundos privados para pesquisa.

Em quatro décadas, essa doença passou de assassina implacável à sombra para ter um dia internacional e uma agência dedicada ao seu combate dentro da ONU.

A epidemia de aids, para a qual não existe vacina, deixou 32 milhões de mortos em todo mundo desde os anos 1980, de acordo com os dados mais recentes da UNAIDS de 2018.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Osborne, que passou metade da vida com esse vírus, disse à AFP o que, em sua opinião, é aplicável à pandemia de coronavírus.

 

Pergunta: Qual é a coisa mais importante a aprender com a ação contra a aids?

Resposta: A necessidade de compromisso político é algo que aprendemos tardiamente na resposta à aids. É importante, porque mostra urgência em todos os setores. A resposta à COVID-19 não pode ser apenas sanitária, requer o comprometimento das comunidades e comunicação clara. Todos devem desempenhar um papel.

Envolver e informar as comunidades é crucial, caso contrário, confinamentos e quarentenas não funcionarão.

E também devemos proteger os mais vulneráveis. No início do HIV, a população viu que eram principalmente jovens gays que estavam infectados e considerou que não valia a pena salvá-los. Quem pensaria, então, que teríamos uma agência da ONU dedicada exclusivamente a esta doença?

Agora, devemos nos perguntar como protegemos os mais vulneráveis [contra a COVID-19], apesar do distanciamento social.

 

P: Existem razões para otimismo?

R: Ao contrário do HIV, esse vírus recebeu um nome muito cedo e logo informações começaram a chegar. Mas há também muitos pontos que desconhecemos.

Devemos analisar como lidamos com essas ambiguidades em nossas vidas diárias.

A melhor maneira de responder à Covid-19 é entender com o que estamos lidando. Portanto, testes de diagnóstico são a chave.

A principal premissa da ação contra o HIV é baseada em pessoas que conhecem seu status. Você tem que diagnosticar e diagnosticar incessantemente.

Isso também permite que as pessoas decidam o que fazer. Se não diagnosticarmos o pessoal da saúde e ficarmos em casa, é inútil. Mas se você fizer os testes, poderá voltar ao trabalho. Aprendemos tudo isso com o vírus da aids.

 

P: Como lidar com a Covid-19 depois que o estado de emergência for superado?

R: A Covid-19 mudará muitas coisas. Está afetando a arquitetura da sociedade. Voltar ao de costume seria tolo.

O HIV mostrou que, embora tenha havido progresso substancial em termos de tratamento, a epidemia não terminou e, portanto, devem ser mantidos esforços para que todos os necessitados tenham acesso.

Precisamos que o setor privado se envolva em pesquisas sérias e não apenas com promessas superficiais.

 

P: O que pode ser aprendido com o coronavírus, além de sua prevenção?

R: Como a Covid-19 influencia o sentimento de vulnerabilidade das pessoas, o sistema de saúde, a segurança alimentar, a interação social e o trabalho?

Todas essas questões estão agora sobre a mesa. E percebemos que a economia, da qual todos dependemos, depende da capacidade de cada um se levantar e cumprir sua tarefa.


 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar