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Em três dias, médico perde mãe e avó vítimas do coronavírus

Ele e outros quatro membros da família também estão infectados
23:16 | Abr. 03, 2020
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Tipo Notícia

O médico Douglas Sterzza Dias, de 28 anos, tem vivido um verdadeiro drama por conta da pandemia do novo coronavírus. Nos últimos três dias ele perdeu a mãe e a avó vítimas do Covid-19 e tem um tio na UTI. Para piorar, ao cuidar dos familiares ele também acabou infectado.

Médico cirurgião do Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Douglas conta que a primeira a sentir os efeitos do coronavírus foi a mãe dele, Rita de Cássia, de 55 anos. Logo depois avó, Iracema, de 85 anos. Em seguida ele e um tio, que está internado, também foram infectados. Além deles, outro tio e duas tias começaram a apresentar problemas respiratórios.

"Minha mãe me avisou que não estava se sentindo bem no domingo, dia 15, falou que sentia dores no corpo. Na terça já estava entubada", contou Douglas ao UOL.

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De acordo com o médico, a parte renal da mãe dele foi afetada por conta da doença e medicações usadas e ela acabou falecendo no último dia 27. Três dias depois, a avó de Douglas, Iracema, também não resistiu.

"Minha avó Iracema, de 85 anos, havia caído em casa e, por isso, não conseguimos isolá-la totalmente. Os filhos precisaram se revezar para não deixá-la sozinha. Ela soube que minha mãe estava na UTI. Alguns dias depois minha avó começou a delirar. Teve uma hipoxemia grave (deficiência de oxigênio no sangue), ficou toda roxa e foi levada para o hospital. A tomografia revelou que o pulmão estava comprometido, com sinais de infecção pelo coronavírus. Ela foi para a UTI. Três dias depois ela sofreu uma parada cardíaca e acabou falecendo", lembra ele.

Para não correr o risco de expor mais familiares ao vírus, Douglas precisou seputar a mãe sozinho. "O corpo da minha mãe saiu do carro funerário direto para a cova. Fui a única testemunha da família. Eu ali, sem ter ninguém para abraçar e compartilhar a minha dor. Peguei o carro e voltei para o meu isolamento".

O médico conta que no caminho até o cemitério viu muitas pessoas na rua e fez um alerta: "Pelo caminho via gente fazendo caminhada e correndo nas ruas, como se nada estivesse acontecendo. As pessoas ainda não entenderam que estamos vivendo algo muito grave. Elas não têm ideia da dimensão do problema", disse ele.

Em quarentena, Douglas diz que a maior preocupação agora é manter o pai longe do risco de contaminação.

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