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Treinamento de profissionais, compra unificada de material hospitalar, leitos específicos para casos de Covid-19: como o Ceará deverá lidar com pandemia

Na visão da Secretaria da Saúde do Ceará, o Estado poderá passar por um dos dois seguintes processos: um pico precoce muito alto de Covid-19 ou uma "curva", de forma que o sistema de saúde consiga suportar essa demanda
13:00 | Mar. 17, 2020
Autor Gabriela Feitosa
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Gabriela Feitosa Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

Para combater a rápida disseminação do Covid-19 no Ceará, a Secretaria da Saúde do Estado tem articulado novas estratégias de combate ao novo coronavírus. Algumas delas foram divulgadas durante reunião entre prefeitos e representantes dos municípios na manhã desta terça-feira, 17.

Até o último balanço da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), são oito casos confirmados em Fortaleza e um no município de Aquiraz. Conforme o médico infectologista Ivo Castelo Branco disse na reunião, 20 casos devem ser confirmados até sexta-feira, 20, no Estado, caso cuidados não sejam tomados. Também nessa terça, o Brasil confirmou a primeira morte em decorrência da doença. Um homem de 62 anos em São Paulo.

O debate, proposto pela Associação dos Municípios do Estado do Ceará, contou com a presença do secretário de Saúde, Dr. Cabeto, que forneceu orientações técnicas de como lidar com o avanço do vírus Covid-19.

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Segundo Cabeto, a pandemia se trata de um “momento único”, não só no sistema de saúde, mas também no quesito econômico. “A gente não teve na história da humanidade uma pandemia com essas proporções e isto está como teste para todas as instituições”, afirmou. O médico disse que a pasta está separando a crise em dois momentos: educação da população e tensão hospitalar.

No primeiro aspecto, o secretário acredita que o apoio e esforço da população são extremamente importantes para conter a disseminação. Atender recomendações de isolamento voluntário (quando possível), fechamento de espaços públicos e evitar aglomerações (mais de 100 pessoas) é essencial.

Para Dr. Cabeto, não há possibilidade de fechar unidades hospitalares, mas sim de reorganizar estruturalmente a rede de atendimento, com mudanças de horários e separação de espaços. “Algumas diretrizes vão ser tomadas a cada momento. A gente tem que lembrar que a maioria das pessoas vai continuar sofrendo de doenças comuns", ressaltou.

Ele também pediu que haja um esforço da população para diminuir acidentes rodoviários, por exemplo, a fim de não superlotar unidades.

No segundo ponto, de tensão hospitalar, Cabeto chamou atenção para um plano reserva, caso o hospital precise transformar unidades de internação comuns em unidades de terapia intensiva. “É fundamental preparar todas as unidades, saber triar o paciente com suspeita de coronavírus. Se precisar transferir algum paciente, por exemplo, não utilizar o mesmo veículo”, acrescentou.

A Sesa, conforme o médico, também tem orientado que alguns hospitais se preparem para duplicar a carga horária de funcionários. Segundo ele, há problemas estruturais no Ceará para que equipes de terapia intensiva sejam formadas. Há a necessidade urgente de treinar novos profissionais.

Outra medida adotada foi a aquisição de um hospital com 230 leitos, que devem adensar quadros complexos do Covid-19. A medida é para que a rede não fique mais sobrecarregada. O espaço deverá funcionar até mais tardar nesta sexta, 20. O secretário de Saúde ainda defendeu o adiamento de algumas cirurgias, também visando evitar superlotação.

Já em relação a materiais hospitalares, a Sesa sugeriu uma compra compartilhada entre os municípios. “Fazer aquisição de produtos em larga escala para evitar sobrepreço. Insumos hospitalares aumentam quando há uma pandemia. É preciso reestruturar perfis das unidades, mudar perfil dos pacientes para que a gente responda às necessidades”, observou. Além disso, a previsão é de compra de mais EPIs (Equipamento de Proteção Individual) e treinamento de profissionais.

O debate,  proposto pela Associação dos Municípios do Estado do Ceará, contou com a presença do secretário de Saúde, Dr. Cabeto, que forneceu orientações técnicas de como lidar com o avanço do vírus COVID-19
O debate, proposto pela Associação dos Municípios do Estado do Ceará, contou com a presença do secretário de Saúde, Dr. Cabeto, que forneceu orientações técnicas de como lidar com o avanço do vírus COVID-19 (Foto: Thais Mesquita/OPOVO)



Na visão da pasta, o Ceará poderá passar por um dos dois seguintes processos: um pico precoce muito alto de coronavírus ou uma “curva”, de forma que o sistema de saúde consiga suportar essa demanda. “Algumas dessa medidas são importantes, embora dolorosas. O que se tem dito é que não é só uma crise de saúde, mas uma crise econômica gravíssima”, apontou.

Hoje, o Estado defende uma política de realização dos exames, que antes eram encaminhados a São Paulo. Outro ponto a ser abordado pela secretaria de forma urgente é o fluxo de diagnósticos nas cidades do interior do Ceará. “O cearense tem a chance de mostrar que não é só criativo, mas de exercer solidariedade, altruísmo”, concluiu.

Durante o evento, o médico infectologista Ivo Castelo Branco ressaltou que as medidas básicas devem ser adotadas urgentemente diante da previsão de aumento de casos. "Os número vão aumentar, não tem jeito, o que temos que fazer é diminuir o total de casos que podem crescer rapidamente", comentou.

Com informações do repórter Filipe Pereira

 

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