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Prós e contras da semana

00:00 | 24/03/2019

A semana que passou foi mais um trecho do agitado ano que o enérgico jornalismo tenta acompanhar. A seguir, uma avaliação.

Fomos bem: No domingo passado, 17/3, trouxemos na reportagem da capa, "Crimes de ódio - E se fosse com você?", uma boa discussão, a partir da tragédia em Suzano (SP). Em uma tentativa de aproximar o problema das pessoas, a reportagem aborda o acolhimento, a escuta e os cuidados. Foram histórias contadas com sensibilidade. "Excelente! Permite uma reflexão crítica e gera conteúdo. Esse é o futuro do jornal, e não ser apenas factual", comentou o leitor Lauro Chaves Neto, professor da Uece.

O caso de Ubajara também foi bem acompanhado pelo jornal na semana que passou. O risco do rompimento de uma barragem e as consequentes obras emergenciais foram motivo de pautas diversas, pelo jornal impresso e pelo portal. Uma equipe, com repórter e repórter fotográfico, foi enviada ao local - e é incrível como o trabalho na rua (lugar de repórter ainda é na rua, como sempre nos relembra Kotscho), ouvindo histórias, registrando imagens e observando é um distintivo valoroso.

O Dia de São José, por ser uma data memorável no calendário cearense, exige sempre uma cobertura particularizada. Sem se prender a clichês, o jornal foi sensível ao estampar a foto na capa da terça. Nas matérias, a insistência em provar que a chuva é sinal de coisa boa para o cearense. Impossível não destacar a foto da cobertura da procissão de São José (20/3), do repórter fotográfico Mateus Dantas. Escapando das tradicionais imagens de cortejos, ele teve sensibilidade para capturar a representação da imagem em meio aos guarda-chuvas sob a neblina que caía. "O fotógrafo foi de uma visão espetacular", escreveu uma leitora.

Precisamos refletir

A cobertura da viagem do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos rendeu matérias e análises em colunas no jornal. Mas merecia mais destaque na capa, segundo Ernesto Antunes, membro do Conselho de Leitores. "Não entendi e outros colegas acharam estranho também, principalmente por ter sido um encontro histórico (entre Bolsonaro e Donald Trump)", comentou. Nas capas de terça e quarta, houve chamada citando o presidente brasileiro. De fato, chamadas simples, sem destaque.

A cobertura da prisão do ex-presidente Michel Temer no jornal impresso teve um investimento robusto, com análises e matérias de perspectiva. Mas no online, demoramos a publicar. Em comparação com o concorrente local, veiculamos atrasado.

Há alguns dias, conversei com Vandemberg Coelho, um leitor atento, que sempre me liga para apontar, entre outras coisas, os erros de português que vê no jornal - outra falha nossa. "Às vezes, eu até desanimo quando leio", disse-me.

Não é uma questão editorial. Na quinta-feira passada, por um problema na impressão, o jornal chegou atrasado a boa parte dos assinantes e às bancas. E nem chegou a outra parte. Recebi dezenas de reclamações. Imprevistos acontecem. Mas, quando ocorrem, precisam de ações emergenciais e um pedido de desculpa que seja. A oportunidade foi o estopim para que vários leitores se manifestassem quanto ao nosso serviço. Não adianta nos esforçarmos em criarmos um produto sensacional se ele não chegar - com tempo hábil - ao destino do nosso público.

Ouvidoria

No último domingo, 17/3, a coluna Alan Neto publicou uma nota criticando o cargo da Ouvidoria do Estado. "Destinado ao MDB, de tão inexpressivo, nome escolhido até hoje não tomou posse e ninguém tomou conhecimento" - destaca. Durante a semana, o secretário de Estado Chefe da Controladoria e Ouvidoria Geral (CGE), Aloísio Carvalho, entrou em contato comigo. Por meio de um documento escrito enviado, ele enfatiza as ações da Ouvidoria, parte da CGE desde 2007, evidenciando a relevância do trabalho de transparência pública que a instituição faz ao destacar o Ceará no País.

O secretário lista números e iniciativas, sem se esquecer de mencionar que foi nomeado no último dia 18 de fevereiro, diferentemente do que a nota publicada divulgara. É compreensível o incômodo da Ouvidoria do Estado em ter o cargo de ouvidor ser chamado de "inexpressivo" por um jornal. Pelo O POVO, uma publicação que tem como um de seus diferenciais, entre os veículos de comunicação do País, um profissional no cargo de ouvidoria jornalística há mais de duas décadas, soa mais surpreendente. Mais lamentável ainda foi ter lido essa desagradável, descortês e desconfortável nota justamente na semana do Dia do Ouvidor. Mais do que infeliz, a coincidência foi desrespeitosa.

Daniela Nogueira