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Um jornalismo regional mais forte

00:00 | 17/03/2019

A versão impressa do O POVO circula mais intensamente na capital cearense e na Região Metropolitana. A alguns municípios do Interior, chega no meio da manhã. Para outras cidades mais afastadas de Fortaleza, as notícias do jornal são compartilhadas, principalmente, pelo meio online/digital, a partir do portal e das mídias sociais. O certo é que o jornal tem um forte caráter regional, por mais que não se esqueça - nem deva se esquecer - dos assuntos nacionais.

Age correto O POVO ao priorizar assuntos locais, pelo público que alcança e pela circulação que tem. Com o constante avanço digital, no entanto, não se pode deixar de lado a cobertura nacional e internacional. Fazem parte do noticiário os fatos do Brasil e do mundo e precisamos informar. Mais importante, sobretudo, é se lembrar de que os jornais regionais são mediadores fundamentais entre a comunidade da qual fazem parte e o poder público a quem cobram soluções, exigem medidas ou com o qual abrem caminhos para diálogo.

Mesmo ao lidar com questões nacionais, precisamos encontrar uma maneira de jogar uma luz local. Na última quarta-feira, 13/3, apresentamos na capa a chamada "Caso Marielle: as prisões que começam a responder o crime" para uma reportagem de duas páginas acerca das prisões no dia anterior relacionadas à morte da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro. Um caso público, um atentado a uma vereadora, uma história sem explicação um ano depois. O assunto havia estado na manchete do O POVO Online boa parte do dia anterior. Era preciso avançar mais no conteúdo do jornal impresso, mas não só. Faltou um foco local.

 

Um diferencial

Pensando no nosso público, não ouvimos uma fonte local que analisasse o caso, não entrevistamos um membro de instituição cearense envolvida com as causas pelas quais a vereadora lutava nem conversamos com alguém sobre o andamento dos processos, por exemplo. Algo que mostrasse o diferencial local de um trabalho regional nessa cobertura. Não basta reunirmos os conteúdos que chegam das agências de notícias. São importantes, mas não suficiente. Muitos de nossos leitores têm acesso a esses materiais pelos sites e pelas matérias de TV. Precisamos nos perguntar o que podemos dar a eles de exclusivo, algo só nosso.

Um exemplo correto disso ocorreu na quinta, 14/3, quando noticiamos a tragédia em Suzano (SP). Tínhamos talvez quase todas as informações que a maioria dos grandes jornais tinha. Entretanto, com uma repórter na cidade, trouxemos relatos de testemunhas, contadas com delicadeza e sensibilidade, cuidadosos em não sermos tomados com o sensacionalismo que ronda casos como estes. Foi o elemento distintivo do O POVO.

É preciso destacar também que, na última segunda-feira, 11/3, o jornal publicou, um caderno no impresso, além de vídeos e um site na internet, de um especial intitulado "Semiárido das nascentes". São histórias contadas a partir do sertão, de gente que vive, trabalha e mora aqui. Um caderno com terminologia própria, com design específico e pensado para falar de uma questão nossa. É muito difícil imaginar que uma edição dessas fosse publicada em um jornal de circulação nacional, por exemplo, preocupado em lidar com questões de outras regiões do País.

Defender o aprofundamento de temas regionais não é se limitar a um enquadramento de notícias e rotinas locais. É, antes, intensificar a discussão dos nossos conflitos, voltando o nosso olhar e a nossa responsabilidade para a comunidade de que participamos. No O POVO, isso ainda é mais forte, visto que a regionalidade faz parte de sua Carta de Princípios.

O POVO Online

O portal O POVO Online ainda segue em fase de transição de servidor. As queixas têm diminuído em relação às matérias, mas a reclamação maior é quanto ao acesso às colunas. Os textos do dia estão quebrados em links diferentes, impedindo uma leitura uniforme e contínua. Segundo os administradores, correções têm sido feitas à medida que os erros são identificados. Entendo que há muito material para ser transferido e que há erros no processo. Ao mesmo tempo, há mais de um mês não disponibilizamos o nosso conteúdo com agilidade e qualidade suficiente para um público já acostumado com o nosso produto. Falhamos com quem não poderíamos falhar - o leitor.

 

Daniela Nogueira