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O tempo é senhor da eleição

00:Mar | 17/03/2019
O tempo é senhor da eleição
O tempo é senhor da eleição

O tempo da política pressiona o grupo do prefeito Roberto Cláudio (PDT) para que acelere o processo de definição de pré-candidatura à sua sucessão, em 2020. Parece longe, é certo, mas quando não se tem um nome natural, como acontece no caso, já que o próprio RC caminha para o final do segundo mandato e não pode disputar, o correr dos ponteiros dos relógios adota um ritmo que impõe pressa à definição. Afinal, uma parte do tempo precisa ser utilizado, desde agora, ao esforço de "trabalhar" o escolhido, dependendo de quem seja, para apresentá-lo à cidade.

O problema não é de opção, em si, porque ela existe e numa quantidade até razoável. Os deputados José Sarto, Queiroz Filho e Salmito Filho, todos pedetistas, a secretária Águeda Muniz, o próprio vice-prefeito Moroni Torgan, mesmo sendo este do DEM, são alternativas especuladas frequentemente, mas o problema é, a preço de hoje, de viabilidade eleitoral deles. Muito pouca, a considerar o cenário que se tem colocado e que, evidentemente, ainda pode mudar. Não se descarte.

A questão é que em tal situação, geralmente, não se paga pra ver. RC, certamente, muito menos está disposto a fazê-lo, o que exige dele alguma urgência como responsável pela condução do processo sucessório, no lado governista. Caso a opção seja pela construção de um nome que se tente estabelecer como novidade, fugindo às possibilidades citadas anteriormente, o processo já pode estar atrasado, o que determina mais ainda uma ação estratégica que, como requisito básico inicial, impõe tempo.

Mais problemático ainda é que os movimentos do principal opositor continuam precisos e certeiros. No caso, falo do deputado Capitão Wagner (Pros), que se afastou um pouco de Fortaleza ao assumir mandato federal, em Brasília, mas, com administrada inteligência, se mantém ligado ao cotidiano da Cidade sempre que sua presença física parece requisitada. Como exemplo, cite-se o fato de nenhum parlamentar ter estado mais exposto no drama da cidade daqueles primeiros dias tensos de 2019, com a onda de ataques organizados por criminosos, do que o citado Capitão Wagner, apesar de oposicionista e, em tese, de ter diante de si uma chance de assistir de camarote ao governo de seus adversários, liderado pelo petista Camilo Santana, ser levado às cordas. O que fez foi o contrário, colocando-se à disposição para abrir portas no recém-instalado governo Bolsonaro e fazendo-o de fato ao lado do governador, sempre que chamado.

O cenário em perspectiva ainda tem a incógnita Heitor Férrer (SDD), a esquerda representada pelo Psol e o fator Luizianne Lins, cuja entrada na disputa pode ajudar a embolar sem aparentar chances reais, a preço de hoje, de atrapalhar a polarização esperada entre as mesmas forças de 2016. De um lado, um grupo tentando emplacar o terceiro mandato consecutivo, mas hoje sem um nome que o represente com força eleitoral crível; de outro, um pré-candidato forte, já agora, e que precisa se viabilizar como projeto coletivo para se demonstrar viável não apenas na perspectiva eleitoral, mas também quando se pensa nos desafios mais amplos de governar.

VEROSSÍMEL É

É impossível dizer que o governador Camilo Santana sente-se totalmente confortável com sua situação no PT. Mas, como fato, tem-se que o rompimento dele com o partido de vez em quando surge como especulação no noticiário político, como voltou a acontecer na semana passada. E como já tinha acontecido em vários momentos do primeiro mandato dele.

VERDADEIRO (AINDA) NÃO

Já houve momentos mais tensos, em situações anteriores, e o cenário de agora até se pode definir como "estável". Dos dois lados, entre camilistas e no ambiente petista, os boatos recentes foram recebidos em clima de absoluta tranquilidade, de tal maneira que se considerou desnecessário fazer desmentidos oficiais. Em resumo, foi mais uma marola política.

O "AMIGO" DE GUEDES

Jornalista global da área de economia, João Borges passou por Fortaleza na semana passada para falar aos empresários na Fiec sobre o momento do País. Para ele, o principal articulador do governo Jair Bolsonaro no Congresso, hoje, é, acreditem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, com quem deu a entender que conversa com habitual frequência.

ARGUMENTO VENCEDOR

Guedes vai praticamente todos os dias ao Congresso e mantém uma agenda de contatos permanentes com parlamentares. Segundo João Borges garante, para surpresa de muitos, com grande poder de convencimento ao prometer que a reforma previdenciária será a única agenda econômica negativa do atual governo. Pode ser, mas não é o que parece.

MATEMÁTICA RUIM

Agora, o ministro da Economia tem apresentado um número otimista de votos já conquistados para a reforma na Câmara, coisa de 260, que ninguém sabe de onde tirou. Um dos que estranha o cálculo político é o deputado cearense Domingos Neto (PSD), coordenador da bancada cearense. "Não sei de onde saiu isso", espanta-se, quando pode.

25, 11 E ZERO

A Câmara Federal tem 25 comissões técnicas, cujos presidentes foram definidos na semana passada. Nenhum deles da bancada cearense, com seus 22 nomes. No Senado, há outras 11 comissões permanentes, nenhuma sob comando de qualquer dos três enviados pelo eleitor cá do Estado. Não deixa de ser uma forma de avaliar a qualidade de uma representação.

Frases

"Ciro Gomes é um coronel oportunista ressentido e covarde"

Deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, atacando Ciro Gomes por ele ter deixado o País durante a campanha presidencial do segundo turno em 2018

"Saí no segundo turno para não ter que explicar por que não faço mais campanha com os marginais do PT"

Ciro Gomes, ao participar de evento em Fortaleza na sexta-feira, em resposta às críticas de Gleisi Hoffmann e de outros líderes petistas

Tirem as crianças da sala porque Ciro Gomes e parte da cúpula do PT estão em pleno debate político

Guálter George