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Editorial: As águas chegaram

01:30 | Jun. 28, 2020
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Tipo Opinião

O presidente Jair Bolsonaro pisou pela primeira vez em solo cearense, na sexta-feira passada, para inaugurar um trecho do eixo Norte da transposição das águas do rio São Francisco. Em Penaforte, extremo sul do Ceará, ele acionou as comportas que farão as águas do Velho Chico - acumuladas no reservatório de Milagres (PE) - adentrarem em terras cearenses, por meio de um túnel, chegando ao reservatório de Jati (CE). Essas águas abastecerão também os estados de Paraíba e Rio Grande do Norte.

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT) não participou da cerimônia, assim como nenhum outro governador do Nordeste. Também estiveram ausentes senadores e prefeitos nordestinos. A região é onde Bolsonaro tem o seu maior nível de rejeição. Pesquisa divulgada esta semana pelo DataPoder360 mostrou reprovação de 59% no Nordeste, contra uma aprovação de 30%. Na média nacional, ele tem 49% de reprovação e 41% de aprovação.

Desde o fim do ano passado, a rede virtual de apoiadores do presidente Bolsonaro vem divulgando informações "infladas" a respeito da participação de seu governo nas obras de transposição, segundo verificação do projeto Comprova. Entre as informações falsas, a de que o atual governo teria investido R$ 1,4 bi na transposição. Entretanto, entre janeiro e novembro de 2019, o investimento foi de R$ 582 milhões, representando 5% do total gasto até agora, a importância de R$ 10,7 bilhões.

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Para uma obra de tamanha magnitude e importância para o Nordeste, muitos querem assumir a sua paternidade. Porém, o fato é que esse assunto remonta à época do império, tendo perpassado quase todos os governos republicanos. No pós-ditadura, esteve nas mesas dos presidentes Itamar Franco (1992/95) e Fernando Henrique Cardoso (1995/2003).

Mas quem tirou o projeto do papel e iniciou as obras foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu segundo mandato (2007/2011). Nos governos seguintes, mesmo com percalços, atrasos, e o salto do orçamento inicial de R$ 4,5 bilhões para R$ 12 bilhões, a obra teve continuidade.

Mais importante do que a disputa sobre quem é o "dono" do empreendimento - a História cuidará de fazer os reparos necessários - é a relevância dela para o desenvolvimento da região Nordeste, especialmente para os estados que receberão as generosas águas do Velho Chico. 

 

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