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Homenagem à irmã "Santa Teresa"

01:30 | Jun. 14, 2020
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Tipo Opinião

O Mosteiro Santa Teresinha, da Ordem do Carmelo Descalço, em Fortaleza, vive, hoje, o seu primeiro domingo sem a presença física da monja Francisca Maria de Santa Teresa - a amada irmã "Santa Teresa" - como era chamada por um largo círculo de amigos e discípulos de todas as camadas sociais, onde não faltavam pobres e excluídos. Ela se foi de mansinho, na última sexta-feira de manhãzinha, deixando a comunidade com a qual conviveu durante 68 anos de vida religiosa.

Para o meio católico, desta vez, a saudade não significa tristeza, mas, curiosamente, até uma "santa inveja" por parte de alguns de seus membros, por não estarem desfrutando das alegadas "delícias" que, acreditam, ela está sorvendo na vida eterna e pelas quais tanto aguardou, pacientemente, sem esmorecer (evidentemente, tais conceitos pertencem a quem comunga dessa perspectiva espiritual).

É instigante imaginar aquela monja nonagenária, na pele de uma mocinha simpática e ingênua ao entrar no Carmelo, em 1952, aos 22 anos, depois de uma curta experiência como professora. Vinha de uma família numerosa de Camocim. Na época, vivia-se uma era de certezas, tudo mais ou menos arrumadinho. Reinavam Pio XII e o triunfalismo eclesial, pré-conciliar. No Carmelo, o rigor disciplinar dava o tom, mas a espiritualidade sempre se manteve viva.

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Ao que parece, ela nunca se deixou enrijecer. Sua alma recolheu-se a tecer, na "adega secreta", o casulo espiritual de onde emergiria um dia como uma crisálida de asas invisíveis, posto que encobertas por uma humildade depurada nas provações. E nem por isso parece ter ficado limitada a alguma "caixinha". Extremamente simples, sem sofisticação intelectual, parecia gozar da liberdade de espírito própria dos chamados "filhos de Deus", infensos ao engessamento do elã originário e ao disciplinamento robotizado. Dela emanavam humanidade, leveza, compreensão, firmeza de fé, e atenção amorosa aos mais vulneráveis de corpo e de espírito.

Amou e acolheu, sempre intercedendo. Nada retendo para si. Por 68 anos levou vida oculta, dedicada a tecer a paz, a confortar e reconciliar, acolher e ensinar o perdão. Um ombro amigo onde desaguava a dor do mundo, e um coração cálido, dedicado a aquecer a esperança. Enquanto dormias, velava por ti, nesta Cidade, sem o saberes. Partiu, mas continua aqui. Roga por nós, irmã "Santa Teresa". 

 

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