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Editorial: O papel da oposição

01:30 | Nov. 17, 2019
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Tipo Opinião

Durante os 580 dias em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permaneceu na prisão, o Partido dos Trabalhadores viveu uma espécie de compasso de espera, no qual a sua pauta resumia-se praticamente à palavra de ordem "Lula livre". Se isso era compreensível, no escopo da visão partidária, em vista da importância de Lula como líder inconteste da legenda, criou-se a expectativa de qual seria sua orientação para o PT quando deixasse a cadeia.

Sairia da prisão um "Lulinha paz e amor" ou um político mais radicalizado? Havia apostas para os dois lados, mas os primeiros indícios mostram que o confronto foi o caminho escolhido por Lula.

Apesar de dizer que saiu do cárcere "sem ódio", em seus discursos o ex-presidente vem fazendo duros ataques verbais a seus adversários, incluindo um alvo que também é comum ao presidente Jair Bolsonaro: a imprensa - especialmente a Rede Globo -, unindo-se ambos em um equívoco comum.

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Suas declarações iniciais foram encarados como um tributo a ser pago à militância mais radicalizada, refratária a qualquer tipo de conciliação, justamente a que manteve acesa a chama do "Lula livre".

No entanto, no primeiro discurso à direção partidária, em reunião da Executiva Nacional da sigla, em Salvador (BA), Lula elevou um pouco mais o tom. Recusou-se avaliar possíveis erros do partido, deu sinais de que o PT não vai abrir espaços para concessões, nem para aliados dentro do próprio campo da esquerda, e indicou o caminho polarização. "Nosso partido tem que sair mais forte, mais disposto a brigar. Sabe quem polariza? Quem disputa o título. Um partido só cresce quando disputa", afirmou.

O PT daria melhor contribuição ao País se apresentasse um programa para se contrapor ao que vem sendo implementado pelo governo, pois, desse modo, a população poderia avaliar cada um dos planos. Esse é o papel da oposição em um regime democrático mas, pelo menos até agora, não se sabe se PT está disposto a cumpri-lo.

Além disso, é preciso ressaltar que incentivar a agressividade verbal e o confronto inócuo, atende apenas impulsos mais rebaixados do segmento mais radicalizada, de um lado e do outro, em prejuízo de todo o País.

 

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