Uma crise desnecessária
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), pode tornar-se o vetor de uma nova crise no governo de Jair Bolsonaro, não bastassem os tumultos desnecessários já criados pelo próprio presidente e seu círculo familiar. O ministro, suspeito de ter utilizado irregularmente recursos dos fundos partidário e eleitoral, nas eleições do ano passado, insiste que a investigação sobre o assunto seja remetida ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele recorreu da decisão do ministro Luiz Fux, que negara o pedido para que o processo subisse ao STF.
A alegação dos advogados é que, na época da ocorrência, Álvaro Antônio era deputado federal e, por isso, teria direito ao foro privilegiado. Derrotada pela decisão monocrática de Fux, a defesa pede agora que o julgador reconsidere sua decisão ou leve o caso ao plenário. O processo, atualmente, está a cargo da Procuradoria Eleitoral de Minas Gerais, que investiga se, de fato Álvaro Antônio, à época presidente do PSL/MG, usou candidaturas "laranjas" para desviar recursos públicos.
A situação é incômoda, até mesmo de auxiliares do presidente, que defendem que o melhor seria demitir logo o ministro, encerrando o assunto. Para esses críticos, a permanência dele prolonga desnecessariamente uma crise política, que poderia ser resolvida rapidamente pelo presidente. Fica mesmo difícil compreender porque o presidente vacila em tomar uma decisão, quando, em caso parecido, Gustavo Bebianno foi exonerado da titularidade da Secretaria Geral da Presidência.
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AssinePelo menos nove ministros do governo Bolsonaro têm problemas com a Justiça, sendo investigados, réus ou condenados - inclusive Álvaro Antônio, que já fazia parte da lista, antes desse novo imbróglio - o que já contraria a promessa do presidente de formar um ministério "ficha limpa". Mas o fato central, é que a dispersão de forças, em assuntos que poderiam ser facilmente resolvidos, prejudica o encaminhamento de questões importantes para o bom andamento do governo, como a reforma da Previdência, por exemplo. n