Participamos do

Ditaduras não devem ser comemoradas

02:00 | Mar. 31, 2019
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

É de se lamentar que, na quadra difícil na qual o País vive, com graves problemas no presente, que precisam ser equacionados para que se tenha uma boa perspectiva de futuro, o presidente Jair Bolsonaro escolha reabrir feridas, intensificando o clima de polarização, que divide a sociedade brasileira.

Em um ambiente já tensionado, ele incluiu mais um elemento de desordem, ao determinar, ao Ministério da Defesa, a realização de "comemorações devidas", em todas as unidades militares, neste 31 de março, data em que se instalou a ditadura civil-militar no Brasil, em 1964. Para o governo não houve golpe, nem ditadura no período, mas a intervenção das Forças Armadas para, supostamente, livrar o País do comunismo.

Esse argumento, de que a ditadura foi apenas uma reação a um perigo "comunista", não se sustenta, à vista da melhor historiografia, no Brasil e no mundo. A verdade, nua e crua, é que a ditadura acabou com as liberdades democráticas, perseguiu, torturou e matou, tanto opositores do regime, quanto pessoas que não tinha nenhum tipo de militância - e isso não pode ser motivo de comemoração, sob nenhum tipo de argumento.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Depois da repercussão negativa, Bolsonaro amenizou suas declarações, dizendo que não se tratava de comemorar, mas de "rememorar" a data, porém, o estrago já estava feito. O fato é que o presidente parece ainda não ter percebido a importância do cargo que exerce, continuando a se comportar como se estivesse em campanha eleitoral.

Qual outro motivo para provocações gratuitas, como elogiar ditadores sanguinários como o general Alfredo Stroessner (governante do Paraguai de 1954 a 1989), ou o general Augusto Pinochet (autocrata do Chile entre 1973 e 1990), responsáveis por milhares de assassinatos? O próprio presidente do Chile, Sebastián Piñera, considerado de direita, veio a público para distanciar-se das declarações de Bolsonaro.

Já passou da hora de o presidente brasileiro ter um pouco mais de compostura, e passar a preocupar-se com os reais problemas do País, que são muitos e aguardam solução. 

 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags