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Há pacto com Bolsonaro?

01:30 | 03/06/2019
 Deputado federal Jaziel Pereira lidera o debate sobre o ensino domiciliar
 Deputado federal Jaziel Pereira lidera o debate sobre o ensino domiciliar

Ponto para quem consegue compreender a lógica por trás das escolhas do governo Jair Bolsonaro (PSL). Chegando à marca do sexto mês de gestão, ainda é difícil dizer o que exatamente quer o presidente para além das pendengas ideológicas de sempre. Veja, por exemplo, a semana passada. Começou com o governo insuflando protestos - apesar da encenação de afastamento feita de última hora - contra o Congresso, chegou ao meio com Bolsonaro propondo um pacto entre os três Poderes e terminou com o presidente atacando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a homofobia e dando "recado" à Corte: "Será que não está na hora de termos um ministro do STF evangélico?".

O ataque passou despercebido pelo presidente do Supremo, Dias Toffoli (que parece empenhado em apagar do passado sua antiga relação com o PT), mas recebeu respostas duras de três ministros. Foi, afinal, quase uma afronta com uma Corte que deveria ter compromisso apenas com a Constituição. No Brasil real, pouco preocupado com comunismo ou com quem é o patrono da educação, as coisas não vão nada bem: com sucessivas quedas na previsão do PIB e o desemprego em 13 milhões, Paulo Guedes já estuda liberar até o PIS-Pasep e FGTS para alavancar o consumo. E nada de resposta positiva do mercado.

Vendida até recentemente como a panaceia para todos os problemas do Brasil, a reforma da Previdência já dá sinais de que, pelo andar da carruagem, deve sair bem menor que a encomenda. Na semana passada, o próprio Bolsonaro disse ter pedido a Guedes que excluísse da reforma a redução de pensões de grande parte das pessoas com deficiência. O clamor teria partido da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Sim, é isso mesmo: o presidente reduz o principal projeto de seu governo não com base em estudos técnicos ou em discussões aprofundadas, mas a partir de um pedido de dentro de casa. Imagina quando a reforma for bater de vez na votação do Congresso, hoje com poucos motivos para apoiar o governo.

Até agora, Bolsonaro tem dado poucas propostas definitivas sobre essas questões. Sempre que tem oportunidade (ou até quando não tem, via Twitter), dispara falas que nada apaziguam e mais lembram o candidato em campanha - cheio de opiniões polêmicas, vazio de projetos. No final do mês passado, o presidente conseguiu ganhar sobrevida política levando milhares de pessoas às ruas pela defesa de seu governo. Nos dias seguintes às mobilizações, nada fez para instrumentalizar esse fôlego a favor das reformas ou da própria gestão.

Assim, fica difícil acreditar na capacidade do Planalto em pactuar qualquer coisa.

HOMESCHOOLING E MAIA

Líder da Frente Parlamentar que debate o ensino domiciliar (homeschooling) no Brasil, o deputado Jaziel Pereira (PR-CE) culpa o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pela falta de avanço do projeto no Legislativo. Em entrevista à TV Assembleia, o parlamentar reclamou da lentidão do assunto na pauta e da pouca atenção dada pelo presidente a deputados não incluídos no Colégio de Líderes da Casa.

"Nós ainda vamos criar a comissão especial, para você ver como as coisas lá acontecem lento. Tudo passa pelo presidente da Casa, e ele tem lá aqueles grupos, aquelas lideranças. O que vale lá é líder, Colégio de Líderes, então eles tomam conta", diz o deputado. Apesar das críticas, Jaziel afirma que insistirá com o tema no Congresso. "Os deputados podem mobilizar o povo, e é isso que a população quer, então eu me dobro ao anseio do povo".

Jaziel reclamou ainda de deputados antigos "tubarões", que estariam de olho na presidência da comissão especial sobre o homeschooling. "Sou presidente da Frente Parlamentar do homeschooling, estou lutando pela relatoria da comissão. Mas infelizmente tem muitos deputados antigos, que não perdem oportunidade".

Carlos Mazza