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Depressão: os caminhos para compreender o transtorno

No mundo inteiro, cerca de 121 milhões de pessoas sofrem de depressão, conforme a Organização Mundial de Saúde
18:50 | Dez. 22, 2016
Autor Rubens Rodrigues
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Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
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Tipo Notícia
Desabafar nem sempre é fácil. Ainda mais quando a complexidade por trás das motivações ultrapassa as barreiras daquilo que é convencionado como normal. Muitas vezes, essa necessidade esconde um problema maior: a depressão. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em todo o mundo, cerca de 121 milhões de pessoas sofram do distúrbio do humor que tem como características mais conhecidas as sensações de tristeza e desinteresse - embora não se reduza a isso. As causas vão de desequilíbrio químico a problemas pessoais, mas os especialistas são categóricos: a doença nem sempre precisa de motivo para acometer alguém.
 
Psicanalista há 12 anos, a carioca Andreia Lima encontrou na constância de pacientes com esse mesmo diagnóstico um campo de pesquisa. O resultado de quatro anos imersa nas histórias foi o livro "Depressão: Como Curar a Dor da Alma", lançado no último sábado, 17.  
 
O título debate as maiores queixas e dúvidas das pessoas que vivem e convivem com a depressão. "Saber a origem da doença, as formas de tratamento, mas principalmente o motivo", conforme a psicanalista, são algumas das demandas de quem procura ajuda clínica.
 
Depressão não é tristeza 
 
"Às vezes a pessoa tem depressão, mas a família diz que o indivíduo não tem motivos para isso", relata. "Não existe motivo para depressão. Pode ser simplesmente um traço da personalidade, algum trauma emocional ou genético", destaca. Mesmo assim, a doença pode surgir a partir de emoções não tratadas. "Depressão não é tristeza, mas um período de tristeza demorada é indício".

A autora lembra que, em geral, os pacientes buscam ajuda profissional como último recurso. O problema, analisa Andreia Lima, é que ainda existe o estigma de "fraqueza" que ronda essa iniciativa. "Qualquer pessoa está propensa a ter depressão porque é uma doença como qualquer outra", aponta. "Buscar ajuda profissional o quanto antes é a oportunidade de não perder momentos importantes da vida, de ter saúde mental".
 
Do outro lado da linha

Há quem busque ser escutado. Nisso, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é referência. Com atendentes voluntários, o CVV realiza um trabalho de apoio emocional e prevenção do suicídio a qualquer pessoa que precise conversar. É garantido total sigilo por telefone, email e Skype, 24 horas por dia.
 
Rejane é voluntária há 20 anos e desde setembro assume a vice-coordenação do posto CVV Fortaleza. Ela acredita que a liberdade que os voluntários dão às pessoas para conversar sobre qualquer coisa é o que conquista a confiança de quem precisa de um ombro amigo.
 
"É um trabalho emocional. As pessoas se sentem sozinhas, tristes, abaladas por alguma situação e precisam desabafar com alguém. Nosso trabalho é acolher e oferecer essa oportunidade", conta. "Às vezes são situações que eles não conseguem conversar com familiares e amigos".
 
Um dos problemas, segundo a voluntária, é que há casos em que as pessoas mais próximas não escutam por falta de tempo ou até mesmo de habilidade para lidar com essas questões. "A gente vive numa sociedade repleta de informações e comandos que vêm de toda ordem, e isso leva a um estresse que favorece ao isolamento", explica. "Nós nascemos para viver em sociedade, agregado. No momento em que o homem se isola, ele perde o referencial de comunhão".
 
Como vai você? 
 
Com a chegada do período natalino e ano novo, a procura cresce no CVV. A data coincide com o fechamento de um ciclo quando as pessoas se deparam com suas resoluções. Mas essa conversa tão necessária não ajuda somente a quem procura, mas também a quem recebe. "Eu aprendi que as pessoas são diferentes e que cada um tem um limite. Eu aprendi a conviver, aceitar e respeitar o limite das pessoas". 

O Centro de Valorização da Vida atende pelo telefone 141 ou, para quem mora em Fortaleza, pelo número (85) 3257-1084. Também é possível conversar por meio do chat, skype ou e-mail. Visite o site.
 

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