Há carência de lideranças políticas, avalia cientista político
Para Moisés, essa reforma passa por uma discussão que leve a um reequilíbrio entre os poderes Legislativo e Executivo. De acordo com ele, a recuperação do papel e da credibilidade do Congresso passa pela revisão, por exemplo, das prerrogativas dadas aos deputados para a elaboração de seus projetos e até em ações que dizem respeito ao Orçamento. "Para muitos, dar mais poder a um Congresso sem legitimidade pode ser um erro, mas acredito que esse tipo de medida é importante dentro de um processo de reforma que deve ser contínuo."
O especialista ressaltou que a sociedade deve pressionar por mudanças no atual sistema político. "Qual é a reforma adequada? Qual o momento adequado? Acho que todas as oportunidade que temos devem ser aproveitadas mesmo que seja para introduzir pequenas reformas. Se houver participação e pressão da sociedade, pode haver uma resultado positivo. Se conseguirmos aprovar a cláusula de barreira, por exemplo, já seria um ganho", avaliou.
De acordo com Moisés, "o País se meteu em uma grande enrascada". "Agora, a questão importante é encontrar uma saída". Do ponto de vista prático, Moisés lista algumas medidas mais urgentes: a implementação da cláusula de barreira, como forma de reduzir a fragmentação política; a definição de um teto de gastos para as campanhas; a ampliação da representatividade da sociedade civil na vida política do Brasil; e a renovação das lideranças partidárias. "As pesquisas mostram com clareza que os partidos perderam a confiança de seus eleitores. Temos uma carência hoje de lideranças políticas. O processo de qualificação, de estímulo para entrada de novas lideranças está bloqueada. Os caciques continuam mandando."