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Rússia afirma que ameaça dos EUA à Síria é inaceitável

10:30 | 27/06/2017
Ataque com gás sarin em Khan Sheikhoun, na província síria de Idlib, deixou dezenas de feridos. EUA culpam regime sírioCasa Branca diz acreditar que regime sírio esteja preparando novo ataque com armas químicas e afirma que Assad "vai pagar caro" se isso acontecer. Kremlin critica advertência a "líderes legítimos" da Síria.A tensão entre Estados Unidos e Rússia por causa da guerra civil na Síria voltou a se acirrar nesta terça-feira (27/06), depois de a Casa Branca ter declarado que "identificou potenciais preparativos" para outro ataque com armas químicas pelo regime do presidente Bashar al-Assad. Segundo o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, o ataque provavelmente resultaria no assassinato em massa de civis, incluindo "crianças inocentes". Ele acrescentou que as atividades são similares aos preparativos adotados antes do ataque de abril de 2017 na província síria de Idlib, que resultou na morte de cerca de 80 pessoas. Spicer alertou que, se Assad conduzir "outro ataque assassino usando armas químicas", ele e seus militares "vão pagar um preço alto". Horas depois, o Kremlin saiu em defesa de Assad, afirmando que "ameaças desse tipo aos líderes legítimos da Síria são inaceitáveis", e criticou o uso da formulação "outro ataque com armas químicas". O porta-voz Dmitry Peskov argumentou que nunca houve uma investigação independente do ataque de abril, apesar de a Rússia ter defendido que houvesse. O governo da Síria também negou a acusação. O ministro da Reconciliação Nacional, Ali Haidar, afirmou que a declaração deixa antever uma nova campanha diplomática contra a Síria nas Nações Unidas. A Rússia é, ao lado do Irã, o principal aliado de Assad no conflito, que já dura seis anos e custou centenas de milhares de vidas. Em abril de 2017, o Kremlin ficou do lado do regime sírio quando este negou responsabilidade pelo ataque químico na província de Idlib. Pegos de surpresa A declaração da Casa Branca pegou de surpresa vários militares e funcionários de órgãos e agências do governo dos Estados Unidos que normalmente são consultados antes desse tipo de comunicado – como o Pentágono, o Departamento de Estado e as agências de inteligência. Não ficou claro qual o objetivo da Casa Branca com a declaração, mas jornais americanos especulam que o governo do presidente Donald Trump tenha concluído que uma ameaça pública possa impedir o regime de Assad de realizar um ataque químico. O alerta também pode ter a Rússia e o Irã como alvo. Uma pessoa de fora do governo, mas com fortes relações na Casa Branca, declarou à agência de notícias AP que a Casa Branca recebeu informações de que a Síria estava preparando substâncias químicas para um possível ataque com gás sarin. Esse ataque poderia ocorrer no leste ou no sul do país, onde os militares do regime e seus aliados recentemente sofreram derrotas. Ataque anterior gerou resposta dos EUA Em resposta ao ataque em Idlib com gás sarin em 4 de abril, Trump ordenou, poucos dias depois, o bombardeio da base aérea de Shayrat, na cidade de Homs, controlada pelo governo sírio e de onde se acredita que partiram os caças que lançaram o ataque químico. A ação foi a primeira investida direta dos Estados Unidos contra o regime de Assad e, até o momento, a mais contundente ordem militar dada pelo novo presidente americano. Na época, Trump afirmou que o ataque, ocorrido na cidade de Khan Sheikhoun, cruzou "muitas, muitas linhas" e pediu a "todas as nações civilizadas" que se unam aos Estados Unidos na tentativa de pôr um fim à guerra na Síria. Assad negou que tenha usado armas químicas e culpou a oposição armada por armazenar substâncias proibidas. A Rússia afirmou que substâncias tóxicas foram liberadas quando um bombardeio do regime sírio atingiu um arsenal de munição e armas químicas dos rebeldes. Nesta terça-feira, Frants Klintsevich, vice-presidente da Comissão de Defesa do Parlamento russo, acusou os Estados Unidos de estarem preparando um novo ataque a posições das forças sírias. "Preparativos para uma nova provocação cínica e sem precedentes estão sendo adotados", declarou à agência RIA Novosti. Autor: Alexandre Schossler
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