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Papa alerta sobre busca por salvador em tempos de crise

14:30 | 22/01/2017
Pontífice menciona ascensão de Adolf Hitler ao poder para criticar os líderes que querem "defender seu povo com muros daqueles que podem nos tirar a identidade".O papa Francisco advertiu neste domingo (22/01) sobre o perigo de, em tempos de crise, as pessoas buscarem um salvador que defenda seu povo com muros de "outros povos que possam tirar nossa identidade", ao responder uma pergunta sobre a ascensão de líderes populistas na Europa e nos Estados Unidos. Nos EUA, o presidente Donald Trump prometeu construir um muro na fronteira com o México para conter a imigração ilegal. Na Europa, vários governos defendem controles mais rígidos de fronteiras ou até se negam a acolher refugiados. Na entrevista publicada pelo jornal espanhol El País, o pontífice afirmou que "o discernimento não funciona em tempos de crise – isso é uma referência constante para mim". "Procuramos um salvador que nos devolva a identidade e nos defenda com muros, com arames farpados, com o que for, dos outros povos que podem nos tirar a identidade, e isso é muito grave", declarou. Neste sentido, ele deu como exemplo o caso da Alemanha em 1933. "Havia um povo que estava em crise, em busca de sua identidade e apareceu este líder carismático [Adolf Hitler] que lhe prometeu dar uma. Deu-lhes uma identidade distorcida, e já sabemos o que aconteceu depois", declarou, em entrevista feita nesta sexta-feira, no mesmo momento em que Trump fazia seu juramento de posse em Washington. "As fronteiras podem ser controladas? Sim, cada país tem o direito de controlar as suas fronteiras, quem entra e quem sai. Os países que correm perigo – de terrorismo ou outras coisas do gênero – têm ainda mais direito de as controlar, mas nenhum país tem o direito de privar seus cidadãos do diálogo com os seus vizinhos", defendeu. O líder da Igreja Católica disse ainda que prefere esperar para formar uma opinião sobre o novo presidente dos Estados Unidos. "Podemos cair numa grande imprudência ao sermos profetas de calamidades ou do bem-estar que não acontecem", ponderou. "Veremos o que ele vai fazer e, assim, se avalie." FC/dpa/efe/lusa/ots
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