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EUA lançam ataque aéreo contra Síria

Os mísseis lançados pelos EUA foram em resposta ao ataque com armas químicas atribuído ao regime do presidente Bashar al Assad, informaram funcionários americanos
22:35 | Abr. 06, 2017
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Atualizada à 1h25min

Os Estados Unidos dispararam dezenas de mísseis nesta quinta-feira contra alvos na Síria, em resposta ao ataque com armas químicas atribuído ao regime do presidente Bashar al Assad, informaram funcionários americanos.

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Uma fonte do Pentágono informou que 70 mísseis de cruzeiro Tomahawk foram disparados contra a base aérea de Shayrat, de onde segundo Washington partiu o ataque químico, que deixou 86 mortos, incluindo várias crianças.

Um alto funcionário da Casa Branca, que pediu para não ser identificado, disse que "o regime de Assad utilizou um agente neurotóxico com características do (gás) sarin", e que os EUA retaliaram lançando 59 mísseis de cruzeiro contra a base de Shayrat.

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"Para este ataque, o regime de Assad utilizou um agente neurotóxico com as características do sarin", declarou o funcionário. Em resposta, "59 mísseis" atingiram a base aérea de Shayrat, que está "associada ao programa" sírio de armas químicas e "diretamente vinculada" aos "horríveis" acontecimentos de terça-feira.

A TV estatal em Damasco qualificou o ataque de "agressão americana contra alvos militares sírios com diversos mísseis".

Na noite desta quinta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas não conseguiu obter um acordo sobre uma declaração envolvendo o ataque com armas químicas, enquanto circulavam informações sobre um eventual bombardeio americano à Síria.

No final da reunião, o embaixador da Rússia, Vladimir Safronkov, advertiu para os riscos de um ataque americano à Síria.
"Se ocorrer uma ação militar, toda a responsabilidade recairá sobre os que iniciaram uma empresa tão trágica e duvidosa", disse o diplomata russo na saída da reunião.

O ataque desta quinta-feira representa um claro giro na política americana em relação à Síria. Há apenas uma semana, a diplomata americana na ONU, Nikki Haley, declarou que a saída de Assad do poder não estava entre as "prioridades" de Washington.

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"O que Assad fez é terrível", disse o presidente dos EUA, Donald Trump. "O que aconteceu na Síria é uma vergonha para a humanidade e está no poder, então penso que qualquer coisa pode acontecer".

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, havia prometido "uma resposta apropriada às violações de todas as resoluções prévias da ONU e das normas internacionais".

"O papel de Assad no futuro é incerto com os atos que cometeu. Parece que não deve desempenhar qualquer papel para governar o povo sírio", declarou Tillerson ao receber na Flórida o presidente chinês, Xi Jinping.

Um funcionário americano revelou que o Pentágono apresentava à Casa Branca uma série de possíveis ações militares que os Estados Unidos poderiam adotar em resposta ao suposto ataque químico na Síria.

O funcionário, que pediu para ter sua identidade preservada, disse que algumas propostas incluíam ataques à Força Aérea síria em terra.

O chefe do Pentágono, Jim Mattis, apresentava as alternativas a Trump e ao seu gabinete a pedido da Casa Branca, acrescentou a fonte.

Mattis comunicou-se constantemente com o conselheiro de Segurança Nacional do presidente, H.R. McMaster.

Simultaneamente, navios de guerra americanos armados com mísseis de cruzeiro Tomahawk cruzavam o Mediterrâneo oriental, precisou um responsável da Defesa.
Trump advertiu na quarta-feira que o regime de Bashar al Assad tinha cruzado os limites com o suposto ataque químico que deixou 86 mortos - incluindo vinte crianças -, e o qualificou de "afronta à humanidade".

Até esta noite, o Pentágono havia proposto uma série de ações militares na Síria, enquanto as forças americanas bombardearam o grupo Estado Islâmico no norte do país desde 2014.

No entanto, uma reviravolta que ponha no alvo o governo de Assad seria uma mudança fundamental na guerra da Síria desde que teve início em 2011.

Há apenas uma semana, a diplomata americana na ONU, Nikki Haley, declarou que a saída de Assad do poder não estava entre as "prioridades" de Washington.

A Rússia apoia Assad desde o fim de 2015, razão pela qual qualquer ação militar para atacar no terreno sua força aérea poderia também afetar os sistemas de defesa aéreos russos e seu pessoal militar.

Diante deste cenário, a Rússia enviou mais assessores militares à Síria.
O papel de Moscou na votação do Conselho de Segurança da proposta de Grã-Bretanha, França e Estados Unidos exigindo uma investigação completa do caso pode ser chave.

A Rússia já antecipou que rejeita o projeto, que qualificou de "inaceitável". Moscou apresentou uma contraproposta de declaração, que não menciona qualquer pressão sobre o governo sírio para que colabore com a investigação.
O presidente russo, Vladimir Putin, pediu à comunidade internacional que não julgue o que ocorreu antes de uma completa investigação.

Putin considerou "inaceitável" fazer "acusações não fundamentadas contra qualquer um antes de uma investigação internacional imparcial e minuciosa" do que chamou de "incidente com armas químicas".

Durante o dia, especialistas turcos disseram que as vítimas do ataque foram expostas ao gás sarin.

O chanceler sírio, Walid Muallem, voltou a negar a participação de seu governo em ataque com arma química.

"O Exército sírio não utilizou, não utiliza e não utilizará este tipo de arma, e não apenas contra seu próprio povo, mas também contra os terroristas que atacam nossos civis com seus morteiros".

AFP

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