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O crescimento do populismo no mundo

09:05 | Nov. 09, 2016
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A conquista do poder nos Estados Unidos, nas Filipinas, na Polônia e Hungria, vitória do Brexit no Reino Unido, crescimento eleitoral na Alemanha, Áustria e na França: a onda populista se espalha pelo mundo.
A eleição nesta quarta-feira à presidência dos Estados Unidos de Donald Trump, 70 anos, provocou um terremoto. Sem experiência política, o bilionário republicano prometeu "tornar a América grande novamente", apostando no medo dos americanos brancos num mundo em mutação (imigração, refugiados, livre comércio...). Durante a campanha, insultou mulheres, muçulmanos, hispânicos e alienou os negros.
Reputado por suas declarações grosseiras, o advogado de 71 anos Rodrigo Duterte, eleito em 9 de maio, depois de uma campanha populista e centrada na questão da segurança, assumiu em 30 de junho a presidência das Filipinas.
Ele chamou de "filho da puta" tanto o papa como o presidente americano Barack Obama. Sua "guerra contra as drogas" já fez mais de 3.700 mortes em quatro meses.
Ele se diz socialista e expressa abertamente seu ódio dos Estados Unidos, aliado histórico com o qual anunciou o rompimento em outubro, uma "separação" em favor de uma aliança com a China, antes de temperar suas observações.
Os britânicos votaram em um referendo em 23 de junho em favor do Brexit, um resultado surpreendente que até Donald Trump se referiu, prometendo pouco antes de ser eleito um "Brexit de potência três".
Depois de uma campanha violenta marcada pelo assassinato em junho da deputada trabalhista Jo Cox, o Conselho da Europa expressou em outubro a sua preocupação com o "aumento do discurso de ódio e da violência racista" no Reino Unido.
Um dos campeões do Brexit, o líder populista do partido anti-europeu e anti-imigração Ukip, Nigel Farage, saudou nesta quarta-feira o resultado da eleição presidencial norte-americana. "Eu passo o bastão para Donald Trump", disse ele.
Na Hungria, o primeiro-ministro soberanista Viktor Orban, presidente do Fidesz (conservador), no poder desde 2010 impulsionou sua campanha com acentos xenófobos contra a imigração não-europeia.
No entanto, ele falhou na terça-feira em incluir na Constituição a sua política hostil aos migrantes, mas sua retórica beneficia o Jobbik (extrema-direita) de Gabor Vona que visa destronar o Fidesz nas legislativas de 2018.
Na Polônia, o partido conservador e eurocético Direito e Justiça (PiS) retornou ao poder no final de 2015. Seu líder Jaroslaw Kaczynski advertiu contra os "parasitas" dos refugiados. Um impasse opõe desde julho o governo a Bruxelas sobre a independência do poder judiciário.
Na Áustria, o Partido da Liberdade (FPÖ), um dos partidos de extrema-direita mais estabelecidos na Europa, por pouco não conseguiu vencer a eleição presidencial em 22 de maio.
Os dois principais partidos no poder desde 1945 haviam sido eliminados. O FPÖ obteve a anulação da eleição e uma nova eleição será realizada no dia 4 de dezembro.
Na Alemanha, a Alternativa para a Alemanha (AFD, direita populista) vem acumulando sucessos eleitorais, incluindo a entrada no parlamento local em Berlim.
Capitalizando a preocupação dos alemães após a chegada de 1,1 milhão de refugiados em 2015, o partido está presente em dez dos 16 estados e tem cerca de 12% das intenções de voto.
Ele poderia entrar no próximo ano no Parlamento federal, o que seria uma primeira vez para um partido populista de direita desde o pós-guerra na Alemanha.
Na França, a Frente Nacional (FN, extrema direita) também registrou vitórias eleitorais desde 2012 e sua presidente, Marine Le Pen, deve estar presente no segundo turno da eleição presidencial na próxima primavera, de acordo com pesquisas.
Ela se precipitou nesta quarta-feira para felicitar Trump, mesmo antes da confirmação do seu sucesso. A presidente da FN compara o fluxo de migrantes a uma "invasão" e quer um referendo sobre a saída do país da UE.
AFP

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