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Piratas atacam refinaria da Petrobras

12:12 | 25/07/2017
A "caça ao tesouro" dos piratas por combustível na Amazônia chegou a refinarias e terminais de distribuição da Petrobras e de outras empresas que atuam na região. O modus operandi desses ataques é o mesmo dos assaltos a embarcações nos rios: os piratas usam barcos pequenos e rápidos para chegar ao local e, com armas pesadas, rendem os vigilantes. Na sequência, chega um barco maior para onde é transportado o combustível e os equipamentos roubados.

Um dos alvos dos ataques é a Refinaria da Petrobras em Manaus (Reman), unidade produtora de gasolina e óleo diesel que abastece a Região Amazônica. "O esquema (dos piratas) é avançado. Existe furto direto na Refinaria de Manaus", revelou ao jornal O Estado de S. Paulo uma fonte ligada à segurança da Amazônia.

Os assaltos ocorrem, principalmente, na época das cheias, quando o nível alto dos rios facilita o acesso dos bandidos à refinaria. Eles fazem uma ligação com mangueiras de uma polegada para bombear combustível dos dutos diretamente para os tanques das embarcações usadas para o roubo, que ocorre sempre de madrugada, em uma área pouco iluminada, segundo o Sindicato dos Petroleiros do Estado do Amazonas.

"O perigo existe e é iminente. Já fizemos várias denúncias, que estão sendo investigadas pela direção da refinaria", afirma Roberto Pinheiro, diretor do Sindipetro-AM. "Isso ocorre há uns 20 anos, mas se intensificou nos últimos anos. Recentemente, houve duas ou três ocorrências seguidas."

Em Manaus, os piratas também estão atacando o Porto de Encontro às Águas, onde tem sido roubado desde corda, tubulações, material de geologia até equipamentos caríssimos de perfuração e de exploração, como pedra diamantada.

Outro ponto crítico é o Terminal Aquaviário de Coari, usado para escoamento de petróleo e gás produzido na região de Urucu pela Petrobras. Pinheiro relata denúncias de troca de tiros há dois meses entre vigilantes e piratas que, além de combustível, roubam também material elétrico da unidade. "Aqui já é rota de tráfico, rota de piratas. Estamos perto da Colômbia e da Venezuela. Se não tiver gente suficiente para fiscalizar, a bandidagem corre solta", afirma Lourival Júnior, diretor secretário do Sindipetro PA, AM, MA e AP e diretor da Federação Nacional de Petroleiros (FNP).

Perdas

Como o jornal publicou, o trecho do Rio Solimões entre as cidades de Coari e Tefé, no Amazonas, é dominado por piratas e é o mais violento entre os rios da Amazônia, por causa dos carregamentos de drogas que vêm da Colômbia e do Peru.

A FNP diz ter relatado os problemas para a Petrobras na mesa de negociações e culpa os ataques piratas à drástica redução do número de funcionários da estatal desde 2014, sobretudo em operações nos terminais e aferição dos tanques de combustível.

O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes estima que mais de 10 bilhões de litros de combustível foram roubados na Amazônia em 2016, sendo que o maior volume ocorreu em balsas de transporte. No primeiro trimestre deste ano, foram 2,4 bilhões. Roubos de piratas na Amazônia causam perdas de cerca de R$ 100 milhões por ano em mercadorias, segundo a Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária (Fenavega).

Procurada pelo jornal, a Petrobras não se pronunciou. Uma fonte ligada à empresa, no entanto, confirmou uma tentativa de roubo na Reman.

Segundo a fonte ligada à segurança da Amazônia, há denúncias também de ataques de piratas na área de exploração da petroleira russa Rosneft. Por meio da assessoria, a Rosneft negou a ocorrência dos crimes.

'Terra dos piratas'

A cidade de Barcarena, no Pará, é conhecida como "terra dos piratas". Localizada próximo ao Estreito de Breves, canal fluvial de acesso ao Arquipélago do Marajó, no Pará, a cidade é considerada o centro dos piratas, pois é ali que os bandidos se reúnem para fazer as incursões.

A maioria das ocorrências é de roubo de combustível. O problema na região é tão grave que já está provocando falta de energia em algumas cidades, onde a geração de energia é feita por meio de termoelétricas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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