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Cedro, o mar que virou estrada

As lentes da repórter fotográfica Camila de Almeida registraram o impacto da falta de chuva na paisagem do açude do Sertão Central
16:00 | Jan. 24, 2017
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Tipo Notícia
[FOTO1] Em janeiro de 2016, as lentes da repórter fotográfica de O POVO Camila de Almeida flagravam o "tchau" do seu Zé do Leite na travessia do Cedro, no Sertão Central do Estado. Estava em uma canoa em que carregava não só o leite que venderia em Quixadá, como também a bicicleta que usava para continuar o trajeto já em terra firme.

Um ano depois, com o açude com apenas 0,2% de sua capacidade, a canoa não é mais necessária. É na bicicleta mesmo que atualmente Zé do Leite atravessa os mais de 400 metros do coroamento do açude, como voltou a registar Camila de Almeida, nesse domingo, 23. Não é o único, e o outrora mar já conta até com uma estrada improvisada. O percurso, no entanto, é maior que o feito a remadas, pois o açude secou, mas continua úmido em seu centro, propicioando atolamentos. Portanto, é preciso contornar essa faixa. Ainda é necessário driblar as rochas que a seca fez aparecer, durante a descida aos 20 metros de profundidade do Cedro.
[SAIBAMAIS]
O que não é suficiente para abatê-lo. "Ando mais, mas chego", contou à Camila de Almeida. A tranquilidade é típica de quem não o vê pela primeira vez o açude nesse estado — já havia visto na infância e em meados de 2000. E sabe que a partir de agora a tendência é o açude voltar a encher. "Pior que tá não fica", brinca. A Fundação Cearense de Metereologia e Recurso Hídricos (Funceme) o dá razão. Após cinco anos de seca, o Ceará tem 40% de chances de apresentar chuvas dentro da média histórica da quadra chuvosa neste ano — e 30% de ser acima da média.

Enquanto a chuva não vem, os moradores da região se viram com a água salgada dos lençóis freáticos alcançados por cacimbas e poços. Para os pescadores e para a canoa de Zé do Leite, a espera.   
Redação O POVO Online 

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