Participamos do

Família diz que criança morreu por demora no diagnóstico de meningite

Menino de um ano começou a sentir dor e febre na quinta-feira passada. Família disse que ele chegou a ser diagnosticado com chikungunya, mas sintomas pioraram
16:50 | Jun. 27, 2017
Autor Amanda Araújo
Foto do autor
Amanda Araújo Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

[FOTO1]Uma criança de um ano morreu na tarde dessa segunda-feira, 26, por complicações de meningite, de acordo com informações da família. Cauan Gabriel Cutas Silva foi transferido da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Maranguape ao Hospital Infantil Albert Sabin e havia sido diagnosticado com chikungunya no Gonzaguinha de Maranguape.

O comerciante Edney Castilho, 46, avô do menino, disse que ele começou a sentir os sintomas da doença na quinta-feira passada. "Levamos aos médicos e disseram que ele tinha chikungunya, que era só tomar dipirona e ia melhorar. Ele piorou, levei ao Gonzaquinha no domingo e nem pegaram nele, só olharam dizendo que era chikungunya também. Na UPA, foi que um médico disse que não era”, conta.

Cauan deu entrada no hospital Albert Sabin "debilitado demais", informa o avô. "Deu 16h40min, ele faleceu. Não deu nem tempo de colher o material (para exame). Aí, fomos atrás, no SVO (Serviço de Verificação de Óbitos), e o médico legista disse que era meningite", afirma Edney.

O menino nasceu em Cuiabá e, ainda bebê, foi trazido pela mãe para morar em Maranguape. "Eu não sei o que vamos fazer, mas não podemos deixar passar. As pessoas estão morrendo, e não estão nem aí", disse o comerciante.

De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), divulgado na última sexta-feira, 27, foram confirmados este ano no Ceará 17 casos de doença meningocócica, com cinco mortes. Os registros da doença foram nos municípios: Fortaleza (7), Caucaia (2), Parambu (4), Iguatu (1), Marco (1) e Horizonte (2).

As mortes por doença meningocócica foram anotadas em Fortaleza (1), Caucaia (1) e Parambu (2). O relatório da Sesa ainda traz 139 notificações, com sete mortes, de outras meningites não causadas por infecção e não transmissíveis. Esses dados do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde são referentes aos casos notificados, mas um caso ocorrido na semana epidemiológica 01 pode ter sido notificado semana 06.

O POVO Online entrou em contato com a Prefeitura de Maranguape, responsável pelo Gonzaguinha, que por meio de nota enviada por e-mail informa que a Secretaria da Saúde de Maranguape está apurando com todo rigor o caso para identificar as causas do ocorrido. O caso será avaliado pelo Comitê de Investigação de Morbimortalidade do município, que analisa as tendências na morbidade e na mortalidade da população de Maranguape e possibilita a constatação de condutas ocorridas nos vários níveis de assistência aos doentes.

 

A Secretaria de Saúde de Maranguape ressalta ainda que aguarda o resultado do líquor (estudo do líquido cefalorraquidiano), que está sendo realizado pelo Hospital Albert Sabin, com previsão de 3 a 5 dias. Por fim, lamenta o ocorrido e se coloca à disposição dos familiares.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Sobre o caso, a Sesa informou que Cauan deu entrada no Albert Sabin com quadro clínico grave nesta segunda. "Cauã recebeu o atendimento especializado com urgência, vindo a falecer logo a seguir. Conforme laudo do Serviço de Verificação de Óbitos, a causa de morte foi meningite. O tipo de meningite ainda está sob investigação, aguardando resultado laboratorial", comunicou.

A pasta afirmou que monitora os municípios por meio das notificações, que são atualizadas pelos próprios municípios. "Em casos de meningites meningocócica e por hemófilos, a vigilância epidemiológica da Sesa investiga os casos junto aos municípios e realiza o bloqueio dos comunicantes, ou seja, faz uso de antibiótico para os contatos íntimos dos pacientes com a meningite".

A vacina contra a meningite tipo C é oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças de até cinco anos de idade e para o público de 12 e 13 anos.

Sintomas
A meningite é uma infecção de parte da membrana que cobre o cérebro e a medula espinhal, geralmente causada por uma infecção. A meningocócica é o tipo de meningite mais grave, porque há manifestação mais rápida dos sintomas.

Segundo o médico infectologista Keny Colares, professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), os principais sintomas são febre, dor de cabeça e vômito. “Muitas vezes, a pessoa fica confusa ou desorientada, ou mesmo sonolenta. Quando a criança é muito pequena, os pais notam que ela fica irritada, chorando muito”, aponta.

O diagnóstico da meningite é apontado na observação clínica dos sintomas e confirmado por exames.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente