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Professor universitário distribui cartões de visitas em semáforo

Jair Silva, de 61 anos, desempregado há seis meses, procura emprego nos sinais fechados pela segunda vez
11:49 | Set. 28, 2016
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Motoristas que param em sinal nos arredores do bairro Jardim São Paulo, podem encontrar Jair Silva, de 61 anos, um senhor de cabelos brancos, vestido de terno, entrega seus cartões de visitas quando o semáforo fecha, em busca de uma oportunidade de emprego. Na frente dos cartões, lê-se nome, telefone, e-mail e a frase "Solicito uma oportunidade profissional". No verso, a indicação de que Jair foi, anteriormente, professor universitário e gerente administrativo e de negócios.

Em um espaço de 30 dias, é a segunda vez que o homem procura emprego desta forma. Na primeira vez, as tentativas eram feitas em um semáforo do Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo. Entretanto, lá o retorno não era suficiente, e Jair buscou um lugar mais movimentado. "Se o primeiro e o segundo motorista pegam o cartão, o terceiro, o quarto e o quinto também vão pegar. Se os primeiros não pegam, os demais também não", ele afirma.

Jair vive em casa própria com a família, mas a aposentadoria da esposa Eleni, custeia apenas o plano de saúde dos dois. Para conseguir se manter, o casal conta com ajuda de Leonardo, filho único, que está empregado. Por vários anos, Jair não possuía registro de trabalho, e por isso, não contribuía com o INSS. Logo, faltam dois anos para sua aposentadoria e o tempo que passou desempregado tomou toda a reserva que o casal possuía.

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O homem de 61 anos foi professor de informática por mais de vinte anos em colégios e faculdades particulares. No Ensino Superior, foi professor, coordenador de ensino e instrutor. Ele foi ainda responsável por dar suporte a departamentos de empresas e desenvolver sistemas, programas e planilhas de custos, entre outras funções. Por não conseguir terminar o mestrado, precisou deixar de lecionar no Ensino Superior. Seu último emprego foi em março, como gerente administrativo e financeiro do Instituto de Pesquisa e Educação em Saúde de São Paulo (IPESSP).

"Já houve casos em que a empresa me disse: "O senhor tem um currículo maravilhoso, mas só estamos contratando até 38 anos”, afirma o senhor que já distribuiu mais de 500 currículos online, sem conseguir uma vaga. "O que ia fazer? Começa a bater desespero. Gerência você não arruma. Auxiliar você não arruma. Supervisor você não arruma. Você não arruma nada", diz Silva.

Após começar a distribuir o currículo no semáforo, sua história repercutiu nas redes sociais. Silva declara que “essas mensagens são gratificantes, mas continuo desempregado". A atitude dele vem inspirando pessoas por todo o País que estão na mesma situação. "Se o farol não der certo, vou distribuir na porta de restaurantes para altos executivos. Meu pavio ainda tem muito o que queimar”.

Redação O POVO Online

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