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Escritor Moçambicano Mia Couto destaca relação com a literatura
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Escritor Moçambicano Mia Couto destaca relação com a literatura

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Mia Couto é a personificação de um quebrar de padrões: moçambicano de pele e olhos claros, um homem com nome feminino e um poeta que se consolidou na prosa. Escreve de um país onde a maioria da população é pobre e analfabeta por acreditar que traz consigo a história de uma Moçambique sonhada de forma a escapar do aprisionamento da realidade.


O autor dos aclamados livros Terra Sonâmbula e Mulheres de Cinzas esteve em Fortaleza na última quinta-feira, 29, por ocasião do Seminário Internacional com Mia Couto que trouxe o tema “Recriar o pensamento, mudar a realidade?”. Durante o evento, ele falou sobre o processo de escrita do seu livro A Confissão da Leoa como forma de ilustrar que a percepção de outras realidades amadurece o pensamento social, quebra o egocentrismo e promove o respeito com o que nos é desconhecido. “A ideia é que o livro e o escritor não mudam a realidade, mas convidam, induzem o desejo de mudar essa realidade. Convidam de forma a saber que o sonho é uma outra maneira de viver, de escapar a esse aprisionamento da realidade”, disse.


Durante uma hora, em conversa informal e com ares de descontração, o autor colocou a literatura como ferramenta de construção e percepção do mundo. “A literatura é uma forma de interação com o que nos cerca. As coisas não são só coisas quando nos revestimos de histórias. Escrever é uma forma de renascer. O mundo renasce nas histórias e por meio delas saímos de realidades insustentáveis”, acredita.


Escritor moçambicano mais traduzido ao redor do mundo atualmente, Mia Couto mostra para além das fronteiras que há uma Moçambique que não está nas misérias de um povo sofrido com os estragos deixados por uma guerra civil que dividiu o país por dezesseis anos. Conta que se influencia bastante na música e em compositores brasileiros como Chico Buarque e Caetano Veloso. “Escrevo em resposta ao encantamento que tenho pelo mundo, pelas histórias e pelas pessoas”, concluiu.

 

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