Nascido em Nova York, filho de mãe porto-riquenha e pai haitiano, Jean-Michel Basquiat é lembrado nas artes não só pelo estilo neo-expressionista, mas também por seu caráter transgressor. Criado no Brooklyn, foi o primeiro artista negro a figurar no Museu de Arte Moderna, namorou a então desconhecida Madonna, tornou-se amigo de Andy Warhol e sua vida conturbada culminou numa morte precoce, aos 27 anos, por overdose. Tendo como mote as celebrações de 15 anos de sua companhia, o carioca Márcio Cunha viu na figura do pintor, grafiteiro, artista, músico e produtor alguns pontos em comum com seu próprio perfil e o motivo certo para abordá-lo só agora nos palcos.
“Em comemoração a esses 15 anos, nasce a primeira performance depois de nove espetáculos da companhia. E é um grande presente porque eu estou sozinho em cena, como intérprete, depois de muitos anos acompanhado de muitas pessoas que colaboraram comigo para estar em cena. É um trabalho recente, ainda está no processo dessa investigação. A instalação toda é feita por mim, as pinturas, os objetos... E eu utilizo muitos suportes em cena que já vinham apontando nas pesquisas, nos outros trabalhos, mas se consolidam nessa obra”, adianta Márcio.
[QUOTE1]A performance Céu de Basquiat integra a programação da Maloca Dragão e será apresentada hoje no Teatro das Marias. “Eu sou artista plástico também, por isso o interesse por essa pesquisa. Mas antes de Céu de Basquiat, tive a oportunidade de viver Frida-me (2014), livremente inspirada nas obras da mexicana Frida Kahlo. Uma pesquisa que desenvolvi com a intérprete Ana Paula Bouzas foi um mergulho intenso na descoberta de uma dramaturgia potente que tratasse sobre a dor, a superação. Vida e obra ali presentes em cena. Obra e história”, explica o coreógrafo.
Investigação
Ao longo de 50 minutos, a montagem – amparada por uma trilha sonora experimental presente no álbum Gray – Shades of..., do próprio Basquiat - traça um panorama atual do País e do mundo, abordando inquietações que vão da fragilidade humana à religiosidade, drogas, os limites da loucura, preconceito, isolamento, o conceito e, sobretudo, o valor da arte. “Em Céu de Basquiat, a condição humana é amplamente investigada. As obras do mesmo propõem um desnudar, um ‘virar do avesso de dentro pra fora’”, complementa.
“Eu observo semelhanças entre mim e Basquiat no jeito de chegar nos lugares, de se dar artisticamente e acontecer em algo que precisa rasgar o espaço, ocupar com voracidade, com desejo de que o outro enxergue com outros olhos. Com material, sem material, com ajuda, sem ajuda, acreditando sempre que é possível e vai lá e faz. E acredita porque tem um sonho, tem alguma coisa, um motorzinho lá dentro que faz com que se mova”, reforça Márcio.
O coreógrafo, que possui um centro de arte na zona rural do Rio de Janeiro (com 300 alunos e 42 cursos diferentes de arte), também estará à frente da masterclass Corpo e Ação – Reflexão Sobre o Corpo em Cena, no Studio de Dança Michelle Borges. Com 25 vagas, o foco serão jogos, dinâmicas e exercícios corporais com base nos estudos de Laban e nas técnicas de Viewpoints (improvisação).
Céu de Basquiat, com Márcio Cunha (RJ)
Onde: Café-Teatro das Marias (rua Senador Almino, 233 A – Praia de Iracema)
GratuitoMasterclass Corpo e Ação - Reflexão Sobre o Corpo em Cena, com Márcio Cunha (RJ)
Quando: sábado, 29, das 14h às 17hOnde: Michelle Borges Studio de Dança (rua Bento Albuquerque, 1819 - Papicu)
Investimento: R$ 60Número de vagas: 25
Telefones: 3034 9734/ 988485649