Na manhã de ontem, o ator cearense Gero Camilo participou de ação na Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, em Aquiraz, inaugurada em 2016 e voltada para a população carcerária GBT (gays, bissexuais e travestis), além de idosos e pessoas com deficiência.

Com o tema “Ao som do mar e à luz do céu profundo”, Gero conversou com detentos dentro da programação da Bienal fora da Bienal (BFdB). “Eles recitaram poemas, falaram sobre a importância da poesia e dos livros na vida deles ali. O nível do pensamento de alguns dos detentos é muito maior do que de muita gente aqui fora, tanto pelo que eles já tinham e até pelo que eles desenvolveram ali”, contou Gero em entrevista ao O POVO.

A participação do ator no filme Carandiru (2003), de Hector Babenco, também foi assunto da conversa entre os internos e Gero. O longa reconta o massacre ocorrido na prisão homônima em 1992. “Eles fizeram perguntas sobre o Carandiru e a relação entre aquele período e o atual”, disse.

Para o ator, que participou de outras programações da Bienal, o momento vivido na unidade prisional foi “a melhor experiência”. “A Bienal tem os momentos de descobertas de autores, tem os encontros, mas lançar luz e encontrar literatura nesses lugares onde você acha que não conseguiria é muito interessante”, avaliou. “Eu não saí (da unidade) carregado como saí do Carandiru. Saí vendo tentativas humanas, não de repressão. Tem que ter desenvolvimento humano, isso faz muita diferença”, frisou. (João Gabriel Tréz)