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Soul e Suingue na Caixa Cultural Fortaleza
Vida & Arte

Soul e Suingue na Caixa Cultural Fortaleza

Quatro defensores da black music brasileira realizam três noites de soul e suingue e balanço na Caixa Cultural
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Vem do final dos anos 1960 uma turma que importou para o Brasil o suingue dos negros americanos. O que lá estava nas mãos de James Brown, Stevie Wonder e Curtis Mayfield, aqui passou a ser cuidado por gente como Tim Maia, Cassiano, Carlos Dafé e outros. Com o talento nacional de misturar influências, a black music verde e amarela foi mudando o balanço e atraindo mais gente.


O show que a Caixa Cultural apresenta neste fim de semana passeia por essa história. Ao longo de três noites, o projeto Somos Soul traz quatro nomes dessa cena: hoje, Lady Zu e Gerson King Combo; Negra Li; e Simoninha.


A amizade de Lady Zu e King Combo vem de algumas décadas, quando ele era contratado da Polygram e ouvia as fitas dos aspirantes a artistas. “Fui o primeiro a ouvir as fitas dela, por que o produtor Pedrinho da Luz ficou em dúvida se deveria contratá-la”, lembra o carioca de 73 anos, que logo gostou da voz da paulistana.


Referência obrigatória do soul nacional há mais de 40 anos, Gerson já foi o rei dos bailes, passou por um longo período de ostracismo – quando se aposentou como funcionário da prefeitura do Rio de Janeiro – e voltou aos palcos com uma forcinha dada pela atriz Regina Casé. “O pessoal do rap diz que eu sou um precursor. Com eles, eu peguei essa carona, sem saber que ia atingir o hip hop. Eles me redescobriram também”, comemora o artista, que também já fez parte dos Fevers e Renato e Seus Blue Caps.


Gerson aproveitou e redescoberta e hoje faz uma média de cinco shows por mês. “Fazer show é minha vida, quando eu chego é pra quebrar”, promete o músico, que ainda se recupera de uma internação por diabetes.


Um ícone nacional que fez parte da carreira de King Combo foi Wilson Simonal. “O Gerson tem tudo a ver com minha família. Foi da banda do Simonal e representa muito bem aquela cena da Black Rio, Tony Tornado”, avalia Simoninha, que mistura no show de Fortaleza canções próprias com as de artistas que são referências atemporais para a música negra mundial, como Stevie Wonder e Marvin Gaye.


Para o cantor e compositor de 52 anos, a geração que King Combo e seu pai integraram precisa ser vista como algo que vai além da black music americana. “É uma referência super importante, criada a partir dos anos 60, que é muito híbrido das várias representações da música negra brasileira e americana”, explica, mostrando incômodo com o termo em inglês. “Não é a black americana, é outra coisa. Tem algo que não é o samba brasileiro nem o (som) americano. A gente criou uma terceira via e eu sou um filho dessa mistura”.


SIMONINHA

Paulistano, 52 anos, Wilson Simonal Pugliesi de Castro é filho de Wilson Simonal e irmão de Max de Castro. Com cinco discos lançados, ele combina o trabalho autoral com um resgate da memória do pai, de quem canta, entre outras, Tributo a Martin Luther King.

NEGRA LI

Paulista de 37 anos, Liliane de Carvalho começou a carreira integrando o grupo de rap RZO. Após chamar a atenção do público num dueto com o Charlie Brown Jr, começou uma carreira solo que mistura pop, baladas e black music.

LADY ZU

Zuleide Santos da Silva começou a cantar ainda criança, participando de programas de TV em São Paulo. Em 1977, o compacto com a faixa A Noite Vai Chegar estourou na cena discoteque nacional, quando foi apelidada de “Donna Summer brasileira”.

GERSON KING COMBO

Depois de alguns pequenos trabalhos, Gérson Rodrigues Côrtes passa a atuar como crooner e dançarino. Unindo os dois talentos, estreou em disco em 1970, com versões black para clássicos nacionais. Entre seus sucessos, estão Mandamentos Black e Funk Brother Soul.

 

SERVIÇO

 

Somos Soul

Quando: Lady Zu e Gerson King Combo hoje, 24, às 20 horas; Negra Li amanhã, 25, às 20 horas; Simoninha domingo, 26, às 19 horas Onde: Caixa Cultural (Av. Pessoa Anta, 287 – Praia de Iracema) Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) Telefone: 3453 2770

 

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