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A cidade é o palco
Vida & Arte

A cidade é o palco

Com o aumento do número de polos no Ciclo Carnavalesco, artistas locais de diferentes segmentos têm conseguido apresentar seus trabalhos para grandes públicos
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O período carnavalesco vem se consolidando como uma festa de oportunidades para muitos artistas cearenses. Se nessa época de folia o fortalezense está mais disposto a ir para a rua, os músicos têm aproveitado para transformar a Capital num grande palco. Só este ano, Fortaleza está vivendo a folia há, pelo menos, 40 dias e, nesse meio tempo, nossos artistas estão chegando a públicos diversos.


“Se apresentar no Carnaval tem uma importância do tamanho do mundo para a gente. O rap no meio de uma programação assim significa que a gente está ganhando espaço”, destaca Erivan Produtos do Morro. O rapper abre a programação da noite de terça-feira de Carnaval no Aterrinho da Praia de Iracema. Depois dele, sobem ao palco o cearense Marcos Lessa e a paulista Maria Rita. “Eu não vejo muita diferença de um estilo para o outro. Eu acho que a gente tem mesmo é que juntar as tribos no mesmo lugar. A galera curte essa mistura”, celebra.


Para Erivan, que também se apresentou em 2016 no Aterrinho, o período carnavalesco acaba sendo também uma oportunidade de redescobrir o próprio trabalho. “Ano passado, eu levei muitas músicas autorais e algumas outras para levantar a galera. Este ano, estou com uma proposta de misturar rap, rock e funk das antigas”, antecipa. O cantor e produtor, que tem estúdio reconhecido no bairro Castelo Encantado, convidou o grupo Kebra Mola para “fazer o batidão”. A banda percussiva comandada pelo mestre Juninho Brasil integra projeto social no bairro Vicente Pinzon. “É bom também (o Carnaval) para resgatar a rapaziada aqui do morro e começar uma parceria massa que não seja só para aquela ocasião”, diz.


A cantora Lorena Nunes também é um exemplo de artista que conquistou novos olhares nesse período de Ciclo Carnavalesco. Ela sobe amanhã ao palco na Praia de Iracema e vai se apresentar também com o projeto Las Tropicanas na rua Norvinda Pires, Aldeota. No Pré, Lorena fez show com o Bloco das Travestidas. “Esse ano vou apresentar no Aterrinho um projeto que celebra os 100 anos do samba, um show só com compositores baianos. Acredito que, com certeza, vai contribuir para que as pessoas que não conhecem o meu trabalho passem a conhecer”, confia.


Para a cantora, o período de Ciclo Carnavalesco acaba sendo um momento de homenagear grandes artistas e também de apresentar a força autoral da música cearense. Segundo Lorena, que também integra o projeto Elas Cantam Belchior, o Carnaval é importante por misturar públicos que costumam ser mais segmentados. “Eu já conhecia o trabalho das Travestidas, mas foi maravilhoso esse movimento de aproximação. Eu tenho também esse público LGBT e acabou ficando um arco-íris completo, foi uma experiência mágica”, comemora.


“Existe uma demanda muito grande na Cidade por um momento como esse, em que os músicos têm oportunidade de encontrar novos públicos”, destaca Adriano Uchôa, vocalista da banda Os Alfazemas. Para o músico, que há cinco anos se apresenta no Ciclo Carnavalesco com sua banda, nesse período de inicio do ano há uma mudança de comportamento dos fortalezenses. “O público vai ao encontro do artista onde o artista está”, aponta.


Adriano, entretanto, pondera que, com o maior deslocamento das plateias por diferentes espaços da Capital, aumenta também a vulnerabilidade à violência urbana. “Esse comportamento do público, que deveria ser uma coisa positiva, pode se tornar negativa com tantos casos de violência, principalmente de furtos de celular”, aponta, contando que o baixista dos Alfazemas, Alexandre Lima, é exemplo de vítima de furto. Apesar dos problema apontado, o cantor garante: “O crescimento da nossa banda com certeza passa pelo crescimento do Pré-Carnaval de Fortaleza”, confirma, apontando que novos artistas “podem e devem” entender o Carnaval de Fortaleza com uma grande “porta aberta”.

 

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