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VERSÃO IMPRESSA

De onde se esperava o barulho veio o silêncio

2017-07-31 01:30:00

Guálter George, editor-executivo de Conjuntura


Um dos objetivos estratégicos da oposição a Michel Temer na Câmara, quando atuou para atrasar a discussão sobre o pedido de autorização para investigar o presidente da República, era submeter os deputados, durante o recesso, à pressão de suas bases pela aceitação da denúncia. Surpreende constatar, a um dia da retomada dos trabalhos no Congresso, que a bancada cearense volta a Brasília sem maiores registros de que haja uma sociedade exigindo posicionamento firme contra Temer por conta da importante matéria que tramita no Legislativo e que pode ter um desfecho, pelo voto, nos próximos dias ou horas. A verdade é que aquele Brasil mobilizado da época do impeachment, disposto a mostrar e até impor sua vontade aos representantes políticos no parlamento, já não existe mais. Ou, pelo menos, demonstra-se cansado o bastante para não apresentar seu interesse diante de um momento que parecia de importância política igual àquele que selou o destino de Dilma Rouseff. O Palácio do Planalto comemorou a apatia das ruas após o anúncio do aumento de tributos e, certamente, mais festa ainda está fazendo pelo silêncio popular diante das graves denúncias contra Temer que o Ministério Público gostaria de investigar, mas, por enquanto, depende de uma autorização que a Câmara ainda não lhe ofereceu. E, imagina-se, pelo menos neste primeiro pedido dificilmente o oferecerá.

Adriano Nogueira

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