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Em cinco meses, dois vereadores foram assassinados em Aiuaba, município cearense que, com menos de 20 mil habitantes, estava acostumado a uma rotina de tranquilidade. Após os crimes, todo o destacamento da Polícia Militar na cidade foi substituído, o que causou embate da categoria com o prefeito Ramilson Moraes (PSD). O gestor chegou a suspender apoio financeiro da Prefeitura para manter a delegacia, mas recuou.

A primeira vítima foi o vereador José Valmir de Sousa (PSDB), que disputava reeleição quando foi morto a tiros após comício, em outubro do ano passado. Valmir era cunhado da também vereadora Cely Arrais (PDT), assassinada no início de fevereiro deste ano em sua casa na localidade de Bom Nome, distrito de Aiuaba. Também foram mortos o marido e o irmão da vereadora, em outras cidades.

A mudança no destacamento da PM foi feita no início deste mês. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a alteração “está inserida em um processo de rotatividade, que regularmente ocorre nos batalhões e companhias da PM nos municípios cearenses”.

Ainda segundo a pasta, outros municípios, como Quiterianópolis, também passam por esse rodízio de policiais.

O prefeito afirma, porém, que “a troca dos policiais foi uma questão política”. Ele chegou a afirmar, sem dar detalhes, que a oposição na Câmara Municipal teria se articulado para garantir a alteração. O presidente da Casa, Nacélio Bezerra (PDT), nega, minimizando a repercussão política do caso.

Após a alteração, Ramilson enviou ofício para o comandante do destacamento da PM de Aiuaba, o tenente Ricardo Lopes, informando que não arcaria mais com os custos da delegacia. Segundo o tenente, eles teriam conversado, após o que o “prefeito voltou atrás”.

Procurado, Ramilson não comentou o assunto. O prefeito se limitou a dizer que “o importante” é que está, agora, “dando apoio à polícia”. Já o tenente Lopes reconheceu que “há uma tensão política entre o prefeito e a oposição” e que “alguns vereadores e moradores de Aiuaba foram até a SSPDS pedir mudança nos policiais”.

Investigação

Tanto prefeito quanto vereadores da base e da oposição acreditam que os crimes são motivados por briga familiar. Por meio de nota, a SSPDS informou que “diligências estão sendo realizadas em busca dos autores dos crimes ocorridos neste ano e também em 2016”.

 

O promotor de Iguatu, que responde por Aiuaba, Fábio Otoni, disse que está acompanhando as investigações. “Nenhuma hipótese está sendo descartada. O crime pode ter tanto motivação política como familiar”, disse.
(colaborou Amaury Alencar)