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O impacto no Ceará da vitória de Eunício

2017-02-02 01:30:00
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Carlos Mazza

carlosmazza@opovo.com.br

Alçado a um dos cargos mais poderosos da República, Eunício Oliveira (PMDB) é hoje o cearense de maior influência na política nacional. Eleito ontem presidente do Senado, o líder da oposição no Ceará assume órgão e orçamento que terão impactos claros no cenário local. Se confere poder e prestígio, no entanto, novo cargo também traz ao senador todos os riscos de um pano de fundo turbulento como o Congresso Nacional.

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Cargo que controla pauta do Senado, a presidência da Mesa traz repercussões óbvias para o Estado: prerrogativas exclusivas da Casa, como aprovação de empréstimos e financiamentos, passarão todas pelas mãos de Eunício. “É um dos lugares mais importantes da República, e ele vai ter condições de influenciar enormemente as políticas públicas”, destaca o senador Tasso Jereissati (PSDB).


Com perspectiva da indicação do próprio Tasso para a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), a oposição no Ceará ganharia importante espaço de influência sobre a pauta econômica nacional - em momento de crise. Mudança é má notícia para Camilo Santana (PT), que precisaria reforçar interlocução com seus dois maiores rivais.

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Empréstimo internacional de US$ 105 milhões para construção do Acquario Ceará, inicialmente era previsto para a obra, dependeria de aprovação do Senado, por exemplo. Eleito primeiro-secretário da Casa, José Pimentel (PT) rebate tese de crescimento de Eunício e defende unidade para garantir vitórias ao Estado. “Estamos vindo do quinto ano de seca, precisamos de unidade partidária para ajudar a vida dos mais pobres, diminuir o sofrimento”.


Já sinalizando interesse de voltar a disputar o governo do Ceará em 2018, Eunício teria ainda na Casa - detentora de polpudos recursos e cargos - importante instrumento na conquista de aliados e visibilidade. “Há um reflexo claro no Ceará, até porque ele passa a ser próximo na linha sucessória da Presidência da República, é um espaço crucial”, diz o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB).

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O preço dos holofotes

Se confere vantagens a Eunício, a visibilidade conquistada com o cargo também pode ter altos custos. Acusado em delação de Cláudio Melo Filho, ex-executivo da Odebrecht, de ter recebido com codinome “Índio” R$ 2,1 milhões do esquema investigado na Lava Jato, o cearense já abre gestão sob suspeita e com expectativa por novas citações da empreiteira no Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Eunício nega irregularidades e diz “não temer” conteúdo de quaisquer delações. Apesar disso, passará a administrar um dos cargos de maior exposição pública do País em momento de intensa conturbação, com diversos nomes da Casa na mira da Lava Jato. Historicamente, comandantes de Casas Legislativas do Congresso costumam sofrer pressão redobrada, popular e política.


Antecessor dele, Renan Calheiros (PMDB-RN) virou réu no STF e impedido de assumir linha sucessória da presidência. Detentor do mesmo cargo na Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) acabou cassado e preso acusado de usar o cargo para interferir nas investigações.


A vitória também coloca Eunício como “alvo fácil” de seus maiores rivais políticos no Ceará, Cid e Ciro Gomes (PDT), que inclusive empregaram campanha contra Eduardo Cunha durante gestão na Câmara.

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