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Citado em delação, Eunício será eleito hoje presidente do Senado

2017-02-01 01:30:00
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Carlos Mazza

carlosmazza@opovo.com.br
[SAIBAMAIS]

Na mesma reunião em que confirmou Renan Calheiros (AL) como próximo líder do partido, o PMDB do Senado definiu ontem Eunício Oliveira (CE) como candidato da sigla à presidência da Casa. A confirmação, que “sela” eleição do cearense hoje como sucessor de Renan, ocorre em meio a polêmica envolvendo o senador e delações da Odebrehct.


Escolhido por aclamação entre 18 dos 19 senadores peemedebistas, Eunício é citado em depoimento do ex-executivo Cláudio Melo Filho. Na 1ª delação da Odebrecht tornada pública, ele acusa o senador de ter recebido R$ 2,1 milhões para facilitar aprovação de MPs para a empreiteira.


Diferente da tensa disputa anunciada na Câmara, o Senado tem mantido tradição de eleger de forma unânime o indicado do maior partido da Casa - hoje o PMDB. “O PMDB tem a maior bancada, conquistou nas urnas esse direito e fez uma bela indicação, porque o Eunício tem experiência, liderança e espírito público”, disse Renan.


Além de Eunício, está colocada apenas candidatura de José Medeiros (PSD-MT). O nome, no entanto, é visto como “inexpressivo” pelos senadores. Alguns afirmam que ele teria entrado apenas para “ganhar espaço na mídia”.


“Morto-vivo”

Único peemedebista ausente na reunião da bancada, Roberto Requião (PR) tem criticado processo de sucessão no Senado. Nos últimos dias, o parlamentar tem procurado inclusive bancada do PT na Casa, na tentativa de construir chapa alternativa na disputa. Defensor da abertura de sigilo das delações da Odebrecht, Requião tem disparado indiretas contra Eunício.

 

“Candidatos a postos importantes na Mesa e nas comissões do Senado estão citados. E isto para mim torna eles uma espécie de reféns, zumbis, mortos-vivos, que vão ficar sem se mexer porque estão nas mãos de juízes”, diz Requião. “Vão ser obrigados a fazer o que interessa ao Judiciário ou à Corte Suprema, sem nenhuma possibilidade de independência”, diz.


Eunício, que tem negado irregularidades, disse não ter “nenhuma preocupação” com o conteúdo das delações. “Ninguém pode impedir que terceiros falem, criem, inventem e até mintam”.


Ele destaca ainda que não existe “constrangimento algum” com sua indicação. “Sei o que fiz e sei o que não fiz, tenho absoluta convicção”, diz. Apesar da citação, o senador não é hoje alvo de qualquer inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).


Além de Eunício na cabeça, chapa do Senado pode ter ainda outro cearense, José Pimentel (PT), na 1ª secretaria. A eleição para a Mesa Diretora do Senado está prevista para ocorrer nesta quarta-feira, 1º, a partir das 16 horas. (com Agência Estado)

 

Saiba mais


Aos 64 anos e no 1º mandato no Senado, Eunício tem a segunda maior fortuna declarada da Casa, R$ 99 milhões em 2014. O senador é defensor da agenda de reformas do presidente Michel Temer, de quem se diz "amigo" e "parceiro".


O nome do cearense já era dado certo desde o 2015, quando começaram a avançar as articulações para a sucessão do comando da Casa. Além do próprio PMDB, Eunício conta hoje com apoio da maioria dos partidos.

 

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