Citado em delação, Eunício será eleito hoje presidente do Senado
Carlos Mazza
carlosmazza@opovo.com.br[SAIBAMAIS]
Na mesma reunião em que confirmou Renan Calheiros (AL) como próximo líder do partido, o PMDB do Senado definiu ontem Eunício Oliveira (CE) como candidato da sigla à presidência da Casa. A confirmação, que “sela” eleição do cearense hoje como sucessor de Renan, ocorre em meio a polêmica envolvendo o senador e delações da Odebrehct.
Escolhido por aclamação entre 18 dos 19 senadores peemedebistas, Eunício é citado em depoimento do ex-executivo Cláudio Melo Filho. Na 1ª delação da Odebrecht tornada pública, ele acusa o senador de ter recebido R$ 2,1 milhões para facilitar aprovação de MPs para a empreiteira.
Diferente da tensa disputa anunciada na Câmara, o Senado tem mantido tradição de eleger de forma unânime o indicado do maior partido da Casa - hoje o PMDB. “O PMDB tem a maior bancada, conquistou nas urnas esse direito e fez uma bela indicação, porque o Eunício tem experiência, liderança e espírito público”, disse Renan.
Além de Eunício, está colocada apenas candidatura de José Medeiros (PSD-MT). O nome, no entanto, é visto como “inexpressivo” pelos senadores. Alguns afirmam que ele teria entrado apenas para “ganhar espaço na mídia”.
“Morto-vivo”
“Candidatos a postos importantes na Mesa e nas comissões do Senado estão citados. E isto para mim torna eles uma espécie de reféns, zumbis, mortos-vivos, que vão ficar sem se mexer porque estão nas mãos de juízes”, diz Requião. “Vão ser obrigados a fazer o que interessa ao Judiciário ou à Corte Suprema, sem nenhuma possibilidade de independência”, diz.
Eunício, que tem negado irregularidades, disse não ter “nenhuma preocupação” com o conteúdo das delações. “Ninguém pode impedir que terceiros falem, criem, inventem e até mintam”.
Ele destaca ainda que não existe “constrangimento algum” com sua indicação. “Sei o que fiz e sei o que não fiz, tenho absoluta convicção”, diz. Apesar da citação, o senador não é hoje alvo de qualquer inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
Além de Eunício na cabeça, chapa do Senado pode ter ainda outro cearense, José Pimentel (PT), na 1ª secretaria. A eleição para a Mesa Diretora do Senado está prevista para ocorrer nesta quarta-feira, 1º, a partir das 16 horas. (com Agência Estado)
Saiba mais
Aos 64 anos e no 1º mandato no Senado, Eunício tem a segunda maior fortuna declarada da Casa, R$ 99 milhões em 2014. O senador é defensor da agenda de reformas do presidente Michel Temer, de quem se diz "amigo" e "parceiro".
O nome do cearense já era dado certo desde o 2015, quando começaram a avançar as articulações para a sucessão do comando da Casa. Além do próprio PMDB, Eunício conta hoje com apoio da maioria dos partidos.