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Dívidas com a União bloqueiam pagamento de salários em Aracati

2017-01-19 01:30:00
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Igor Cavalcante

victorigor@opovo.com.br

Dívidas adquiridas pela Prefeitura de Aracati com a União são responsáveis pelos atrasos de pagamento dos funcionários públicos do Município, a 152 km de Fortaleza. Servidores concursados reclamam de até dois meses sem receber. Comissionados e terceirizados estão há até quatro meses, segundo denúncias. Atual prefeito da Cidade, Bismarck Maia (PTB), encaminhou ofício à Secretaria Municipal do Planejamento e Administração determinando o bloqueio do próprio salário até que o pagamento dos servidores esteja em dia.


Na última sexta-feira, 13, ele já havia manifestado insatisfação quando movimentações bancárias da Prefeitura foram suspensas. Maia alegou que o bloqueio impediu o pagamento referente ao mês de novembro dos servidores da saúde. “Mesmo tendo fundo de pagamento específico, o Município não tem condições de arcar com essas dívidas de uma hora para outra”, disse.


Além do bloqueio, ele explicou que débitos com a Previdência Social, adquiridos por antigas gestões e negociados com o Governo Federal, não foram saldados. “Já tivemos arresto (bloqueio) de repasses da Secretaria do Tesouro Nacional. Outros arrestos devem ocorrer em 20 de janeiro e 10 de fevereiro. Também tenho dinheiro bloqueado por consequências iguais”. Para reduzir as dívidas, a União confisca o montante repassado ao Município mensalmente.


O gestor esclareceu ainda que a Prefeitura passa por transição e ainda não há estimativa do rombo deixado nas contas públicas. “Toda hora chega uma dívida nova”, reclamou. De acordo com ele, a intenção é parcelar os débitos adquiridos nos últimos meses e, paralelamente, garantir o pagamento deste mês. “Pedi para bloquearem meu salário porque não me sentiria confortável de discutir com a categoria, que está sem receber, com meu salário pago”, disse.


Conforme o Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Aracati (Sind-Aracati), houve duas reuniões entre a entidade e a atual gestão. “Eles dizem que a prioridade é pagar, mas dependem que as senhas bancárias sejam liberadas. Assim que desbloquear, eles pagam”, afirmou a presidente do Sindicato, Francisca de Oliveira.

Em caixa

O ex-prefeito de Aracati, Ivan Silvério, se defendeu das denúncias. Ele afirmou que a dívida com os servidores da Prefeitura era referente ao salário de dezembro. Silvério garante ter deixado em caixa recursos para quitar o débito. Ele reconheceu o atraso do pagamentos de funcionários comissionados desde outubro. Conforme o ex-prefeito, os recursos bloqueados pela União podem ser liberados com novas renegociações. “Quando recebi a Prefeitura também veio com dívidas, inclusive dos servidores, e eu paguei”, relembrou.

 

Saiba mais

 

Conforme a Federação dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal do Ceará, o número de sindicatos denunciando atraso de salário nos meses seguinte às eleições municipais aumenta.


Nadja Carneiro, diretora da entidade, questionou a postura dos gestores.


“Ao invés de administrar para todos, administram só para uma parte. Enquanto isso ocorrer, é muito complicado ter alguma valorização dos trabalhadores”, comentou


Ela também criticou as defesas apontadas pelos gestores para as dívidas.


“Sempre alegam que a Prefeitura estava com rombo. E, muitas vezes, nem é tudo isso. Dizem que não têm dinheiro devido à crise. Desde quando se tem movimento sindical falam isso. Como é crise, se isso sempre existiu?”, disse.

 

Adriano Nogueira

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