Dívidas com a União bloqueiam pagamento de salários em Aracati
Igor Cavalcante
victorigor@opovo.com.brDívidas adquiridas pela Prefeitura de Aracati com a União são responsáveis pelos atrasos de pagamento dos funcionários públicos do Município, a 152 km de Fortaleza. Servidores concursados reclamam de até dois meses sem receber. Comissionados e terceirizados estão há até quatro meses, segundo denúncias. Atual prefeito da Cidade, Bismarck Maia (PTB), encaminhou ofício à Secretaria Municipal do Planejamento e Administração determinando o bloqueio do próprio salário até que o pagamento dos servidores esteja em dia.
Na última sexta-feira, 13, ele já havia manifestado insatisfação quando movimentações bancárias da Prefeitura foram suspensas. Maia alegou que o bloqueio impediu o pagamento referente ao mês de novembro dos servidores da saúde. “Mesmo tendo fundo de pagamento específico, o Município não tem condições de arcar com essas dívidas de uma hora para outra”, disse.
Além do bloqueio, ele explicou que débitos com a Previdência Social, adquiridos por antigas gestões e negociados com o Governo Federal, não foram saldados. “Já tivemos arresto (bloqueio) de repasses da Secretaria do Tesouro Nacional. Outros arrestos devem ocorrer em 20 de janeiro e 10 de fevereiro. Também tenho dinheiro bloqueado por consequências iguais”. Para reduzir as dívidas, a União confisca o montante repassado ao Município mensalmente.
O gestor esclareceu ainda que a Prefeitura passa por transição e ainda não há estimativa do rombo deixado nas contas públicas. “Toda hora chega uma dívida nova”, reclamou. De acordo com ele, a intenção é parcelar os débitos adquiridos nos últimos meses e, paralelamente, garantir o pagamento deste mês. “Pedi para bloquearem meu salário porque não me sentiria confortável de discutir com a categoria, que está sem receber, com meu salário pago”, disse.
Conforme o Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Aracati (Sind-Aracati), houve duas reuniões entre a entidade e a atual gestão. “Eles dizem que a prioridade é pagar, mas dependem que as senhas bancárias sejam liberadas. Assim que desbloquear, eles pagam”, afirmou a presidente do Sindicato, Francisca de Oliveira.
Em caixa
Saiba mais
Conforme a Federação dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal do Ceará, o número de sindicatos denunciando atraso de salário nos meses seguinte às eleições municipais aumenta.
Nadja Carneiro, diretora da entidade, questionou a postura dos gestores.
“Ao invés de administrar para todos, administram só para uma parte. Enquanto isso ocorrer, é muito complicado ter alguma valorização dos trabalhadores”, comentou
Ela também criticou as defesas apontadas pelos gestores para as dívidas.
“Sempre alegam que a Prefeitura estava com rombo. E, muitas vezes, nem é tudo isso. Dizem que não têm dinheiro devido à crise. Desde quando se tem movimento sindical falam isso. Como é crise, se isso sempre existiu?”, disse.
Adriano Nogueira