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A necessária ascensão das mulheres na política
Opinião

A necessária ascensão das mulheres na política

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Tipo Notícia

Apesar de representarem 52,5% do eleitorado brasileiro, as mulheres continuam sendo coadjuvantes no cenário nacional nas campanhas eleitorais. Dos 30% de candidaturas exigidas por lei, o percentual só foi ultrapassado em 0,86%. O histórico patriarcal do País, de cunho machista, ainda reflete em plena disputa eleitoral de 2018.

 

Por mais de uma eleição, o Ceará elegeu apenas uma deputada federal, representada pela parlamentar Gorete Pereira (PR), em 2006 e 2010. Hoje, temos direito a 22 vagas e apenas duas parlamentares eleitas pelos cearenses. A deputada estadual Rachel Marques (PT) chegou a ser a única mulher eleita para a Assembleia Legislativa, em 2006.

 

Tivemos uma mulher presidente da República, eleita em duas ocasiões, mas apadrinhada por um homem que tinha, e tem, uma relação forte com o eleitorado brasileiro. Olhando para o Ceará, entre as lideranças políticas, apenas a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) sobrevive no mundo político com luz própria. É algo raro.

 

Marina Silva (Rede), única mulher candidata titular à presidência do Brasil, decidiu, em confronto com o candidato Jair Bolsonaro (PSL), defender a pauta feminina. De repente, a candidata lembrou que precisava, com mais propriedade, intensificar o tema. Parece que só ali, durante o debate da RedeTV, a ex-senadora entendeu que deveria levantar a bandeira do gênero na campanha ao Palácio do Planalto.

 

As disputas para o Executivo no Ceará, e em âmbito federal, ganharam as figuras de mulheres na condição de vices. Ao contrário do entendimento de que é preciso ocupar territórios, as saídas não passaram de uma estratégia de marketing para dar conta do crescimento do eleitorado feminino em relação à disputa de 2014.

 

Dos 39 últimos colocados na eleição de 2014 para a Assembleia Legislativa, no Ceará, 25 eram mulheres. A mais votada desse grupo, recebeu dez votos. Enquanto sete não receberam a própria confiança na urna. O limite de registro é outro faz de conta. Atualmente, das 46 cadeiras no parlamento estadual do Ceará, apenas sete são ocupadas por mulheres.

 

É urgente que o eleitorado feminino passe a legislar as suas próprias agendas. Enquanto homens, brancos e ricos, continuarem dando as cartas sobre o futuro das mulheres, as pautas mais importantes serão desvirtuadas ou engavetadas.

 

Wagner Mendes

wagnermendes@opovo.com.br

Jornalista do O POVO

 

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