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Editorial: "Escolas sob ataques criminosos"
Opinião

Editorial: "Escolas sob ataques criminosos"

Resposta mais urgente deve ser dada ao assassinato de um jovem imberbe
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Cresce a apreensão dos cearenses diante da violência contra escolas e creches públicas do Ceará, intensificada, nos últimos dias, por grupos criminosos para roubar equipamentos escolares e objetos pessoais (de professores e alunos). A investida ganhou conotações perversas na forma de assassinato do estudante Paulo Reinaldo de Andrade, de 14 anos, no bairro Álvaro Weyne, na última quarta-feira. Ele era aluno da Escola Francisco Silva Cavalcante, e foi executado a tiros a poucos metros da instituição, ainda fardado.

 

No Centro Infantil Professor Jacinto Botelho, no Mondubim, que atende crianças de até 4 anos, um grupo invadiu a creche durante a madrugada e furtou aparelhos de DVD. Não satisfeito, ateou fogo em uma das salas e queimou colchonetes e lençóis, gratuitamente. No bairro São João do Tauape, a escola Eti Antonieta Cals teve as câmeras e o material do almoxarifado roubados em dois ataques diferentes.


Igualmente, no município de Ocara, cerca de 27 alunos e alguns professores foram mantidos em cárcere privado, durante assalto em uma escola municipal. As vítimas foram rendidas por seis homens armados e encapuzados e houve um “verdadeiro terror” contra professores e alunos.


Os indícios são explícitos demais para não se concluir que está ocorrendo uma grave deterioração das fronteiras referenciais de contenção da atividade criminosa. Se nenhum escrúpulo se detém diante de uma creche, todo o resto vai de roldão. As escolas tornaram-se alvos fáceis para os bandidos pé-de-chinelo, que se arriscam (?) para roubar o pouco de equipamentos eletrônicos detidos por elas e assaltar alunos e professores já escapelados pela crise. A destruição gratuita daquilo que tem pouco valor de venda e a agressão contra os próprios prédios denotam rancores mais profundos que precisam ser analisados pelos condutores das políticas públicas nas esferas federal, estadual e municipal.


Resposta mais urgente deve ser dada ao assassinato de um jovem imberbe, executado nas imediações da escola em que estudava, e ainda fardado. Isso é inconcebível e revela a quanto chegamos em termos de inépcia do poder público em liderar a construção de um modelo de sociedade em que jovens e crianças não sejam encurralados, dentro e fora da escola, pelo crime organizado.


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