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Walter Filho: "Os doentes da fé"
Opinião

Walter Filho: "Os doentes da fé"

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Uma das coisas mais abjetas neste mundo é a voz dos autointitulados donos da verdade religiosa. Chega a ser ofensivo aos princípios naturais da vida seus ignorantes cantos. Vozes doentias que ofendem quem teve o mínimo de ousadia para buscar na leitura um passo à frente e sair do meio da massa ignara.


O mais leviano vitupério é propagar um castigo para quem não professa uma fé coadjuvada por um segmento devoto. As pessoas são livres e devem optar pelo que acharem melhor, mas não me venha com esta de que, para ter felicidade e conquistas, devo seguir uma religião. Respeito quem professa sua fé sem querer ofender os outros. É preciso respeitar também os ateus ou quem optou por não ter religião – sou um deles. Acredito que exista algo que minha limitada mente não sabe definir o que seja. É o desconhecido...


Um bruto me disse em uma conversa informal que eu não podia discutir religião com um pastor ou padre porque eles estão ungidos por Deus.

No ato, fui julgado e condenado por não seguir uma igreja. Se ainda existissem as câmaras de tortura da chamada Santa Inquisição, teria sido encaminhado para lá de forma impiedosa. Quem sabe, queimado vivo para deleite da horda de adoradores, como fizeram com Giordano Bruno. Seu pecado foi dizer: “Ainda que isso seja verdade, não quero crê-lo; porque não é possível que esse infinito possa ser compreendido pela minha cabeça”. Talvez a dor maior não tenha sido o arder das labaredas no corpo de Bruno, mas o silêncio da multidão.


Os mais celerados criminosos da antiguidade não eram ateus. Pelo contrário, eram bárbaros beatos que perseguiam e assassinavam os inimigos do seu altar – como ainda fazem quando dilaceram corpos.


Você é impuro se não pertence ao grupo dos dementes religiosos. São forças totalitárias que desprezam o enriquecimento intelectual e a evolução da humanidade. Os insanos somente divergem entre si numa coisa: se devem apedrejar ou jogar de um precipício quem viola suas leis e cruéis costumes.

 

Walter Filho

walterfilhop@gmail.com

Promotor de justiça
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