Logo O POVO+
Deodato Ramalho Neto: "Dia de reflexão"
Opinião

Deodato Ramalho Neto: "Dia de reflexão"

Edição Impressa
Tipo Notícia Por

O dia dedicado ao combate à discriminação racial deve servir para a reflexão sobre a evolução e as necessidades que cercam o tema. A data é reconhecimento de um problema profundo e histórico no País, apesar de haver ainda quem finja não enxerga-lo. Trata-se de uma realidade com a qual se convive diuturnamente, pelas mais diversas formas e nos mais diferentes setores e classes sociais.


A discriminação no Brasil é comprovada por dados estatísticos, não apenas em relação à raça, mas também em relação ao gênero, à religião e à origem da pessoas, como nos casos dos migrantes e refugiados.


O Mapa da Violência aponta que as taxas de homicídio da população vêm aumentando entre os negros. Enquanto as taxas de homicídio de jovens brancos caem, crescem entre os jovens negros de mesma faixa etária. No caso das mulheres negras, a situação ainda é mais grave, pois são mais vulneráveis.


A discriminação não se resume a dados relativos à violência. Essa violência decorre, entre outros fatores, da falta de oportunidades para educação, emprego e obtenção de renda. Não é coincidência que a população que mais sofre com a violência seja negra, pobre e de baixa escolaridade.


Dados do IBGE mostram que ainda existe um fosso entre as rendas de trabalhadores ocupados de cor preta ou parda em relação aos trabalhadores de cor branca. As oportunidades e o acesso à capacitação
não são iguais a todos. Os dados estatísticos mitigam o falso discurso da “meritocracia” brasileira.


Causa maior preocupação aos que trabalham diretamente com o tema é que, ao invés de se intensificar as políticas públicas de inclusão social, o
Governo Federal vem esvaziando essas ações. Presencia-se um desmonte das iniciativas que combatem o racismo e promovem a igualdade.


É preciso que se supere esse momento de intolerância e ignorância que se vive no País. Para esse objetivo, é necessária a força conjunta da sociedade civil e do poder público, por meio de políticas inclusivas, reparando essa ferida histórica.

 

Deodato Ramalho Neto

deodato_neto@hotmail.com

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-CE

O que você achou desse conteúdo?