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Francisco de Queiróz Maia Júnior: "Boas novas na Cagece"
Opinião

Francisco de Queiróz Maia Júnior: "Boas novas na Cagece"

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Em meados de 2016 alertamos sobre os fracos resultados operacionais e financeiros da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Com dados do balanço da própria empresa, era possível concluir que havia um aumento significativo de despesas sem a contrapartida de investimentos na ampliação de serviços.


Havia uma tendência preocupante – mesmo considerando os efeitos sazonais: escassez de chuvas e o consequente aumento na demanda por água para consumo humano, da agropecuária e da indústria...


Seis meses depois, estamos diante de novas perspectivas no plano financeiro para a Cagece. Do ponto de vista contábil, após dois anos de prejuízo, a Companhia registrou lucro de R$ 130,2 milhões em 2016.


O indicador Ebtida (lucro antes dos impostos, despesas financeiras, depreciações e amortizações), o mais apreciado pelo mercado, avançou para 21% em relação a receita líquida. Bom, mas talvez ainda não suficiente para festejar.


A análise detalhada dessa reversão positiva dos números da Cagece não cabe nesse texto, pois são muitas as varáveis e as ponderações. Contudo, é inegável que a empresa está avançando.


Mas dessa história talvez a coisa mais preciosa que possamos extrair é o fato de que, quando há seriedade e compromisso, é possível obter resultados rápidos, mesmo na esfera pública.


Havendo consciência de que empresas estatais não precisam arcar com prejuízos seguidos para favorecer projetos políticos eleitorais, já estamos no rumo certo.


Por outro lado, se empresas emblemáticas para o país, como a Petrobras, forem usadas com viés que ignorem regras consagradas de mercado, estamos em marcha acelerada rumo ao descaminho. Para nossa sorte, não parece ser essa a tradição do estado do Ceará nem da Cagece.


Ainda assim, é fato que precisamos exigir mais da Cagece, buscar resultados que não reflitam apenas avanços financeiros, mas também se traduzam em eficiência operacional.


Em 2016, o número de ligações ativas de água cresceu num ritmo 40% menor do que no ano anterior. As perdas na distribuição de água continuam elevadas - e isso não é bom sinal para um

Estado historicamente dependente de recursos hídricos. Claro, isso também guarda relação direta com a estiagem de cinco anos seguidos no Ceará. Mas podemos mais.


Precisamos, sem paixões, por exemplo, refletir sobre como levar serviços essenciais (água e esgoto) com maior velocidade às camadas sociais mais necessitadas. Esse é o grande desafio.

 

Francisco de Queiróz Maia Júnior

maia.junior@seplag.ce.gov.br

Secretário do Planejamento e Gestão do Ceará
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