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Editorial. Cuidados paliativos: dignidade do paciente
Opinião

Editorial. Cuidados paliativos: dignidade do paciente

Morrer dignamente é um direito humano fundamental a ser fincado no coração de qualquer sociedade civilizada
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A Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) acaba de realizar, em Chicago, o seu congresso anual, considerado o maior evento científico do gênero, no mundo. O que chamou atenção, desta vez, não foi o anúncio de algum avanço específico, em termos de medicamento ou de tecnologia, mas, o foco no paciente: como melhorar a qualidade de vida dos pacientes e quais as estratégias para isso?

 

Os estudos comprovam que o acesso do paciente ao médico, fora do estrito horário de consulta é fundamental para que o estresse do enfermo não afete sua tolerância ao tratamento.Isso não deixa de ser válido também para aqueles doentes incuráveis (não apenas portadores de câncer) visto que o estresse afeta o seu processo de morrer.Tais enfermos, desde o momento em que tomam conhecimento do diagnóstico, precisam dispor de um atendimento especial (cuidados paliativos) durante todo tempo: mais ainda na fase terminal. E também de um espaço próprio, no qual possam ser assistidos por equipe especializada (composta por médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social e – se for de sua vontade – de assistente espiritual), encarregada de aliviar sua dor e ouvi-lo. Seus membros devem ter formação nessa especialidade,bem como, dedicação exclusiva. Seu papel é aliviar o desconforto físico, psicológico e espiritual dos pacientes – sobretudo os terminais - para que tenham uma morte digna, sem dor.


Morrer dignamente e sem sofrimentos atrozes é um direito humano fundamental a ser fincado no coração de qualquer sociedade –soi-disant - civilizada. As pessoas em estado terminal não deveriam ser conduzidas às salas de UTI, exclusivamente para morrer – como acontece no Ceará e no País inteiro - por falta de opção de unidades específicas. As UTIs não foram feitas para isso, mas para salvar vidas. Com sua parafernália tecnológica e restrições de acesso não ensejam a criação da atmosfera ideal de acolhimento e de trocas humanas que deve circundar o trânsito final dos que se despedem,inclusive, o carinho e o conforto da presença permanente de familiares e amigos. Por isso, a sociedade inteira deve lutar para que se construam esses espaços compassivos de suporte e reconhecimento derradeiros à dignidade da vida humana.


A quanto estamos a esse respeito, no Ceará?


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