Contudo, há desafios a serem enfrentados: grande parte da economia das festas juninas é informal; parte dos insumos que poderiam ampliar essa economia é importada, a exemplo das vestimentas da festa, importadas da China; não há formação adequada para a gestão empreendedora das festas no Brasil, ao exemplo, do que já existe, por exemplo, em Trinidad y Tobago, onde a universidade forma especialistas e gestores para as festas; inexistem políticas integradas entre as pastas da Cultura e do Turismo no País que permitam a construção de um turismo cultural capaz de valorizar as festas como um insumo estratégico para o turismo.
Por outro lado, a ausência de políticas públicas reproduz nas festas juninas as assimetrias entre os elos dessa importante rede. Assim, a indústria cultural acaba por ser hegemônica, solapando as expressões culturais locais, fundamentais à diversidade da festa. Não é por acaso que a cantora Elba Ramalho, em entrevista recente, reconhece que a produção musical das festas juninas vem sendo ameaçada pela música sertaneja paulista!
Enfim, para que as festas juninas sejam compreendidas enquanto patrimônio cultural imaterial, mas também como alternativa de desenvolvimento econômico, necessitaríamos reforçar os papéis da cultura no desenvolvimento local e regional, enfatizando a força crescente da economia criativa no Brasil. É o que vem afirmando Irina Bokova, atual diretora-geral da Unesco: além de gerar postos de trabalho, a economia criativa contribui com o bem-estar geral das comunidades, fomenta a autoestima individual e a qualidade de vida, o que resulta em um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
Neste momento, em que festejamos São João e São Pedro, enquanto o Ministério da Cultura agoniza, a observação de Irina Bokova não poderia ser mais oportuna.
Cláudia Leitão
claudiasousaleitao@yahoo.com.brProfessora e pesquisadora da Uece, consultora em Economia Criativa