Longe dos mercados consumidores e deficiências nas infraestruturas de escoamento, restou a velha guerra fiscal como arma nessa luta para gerar postos de trabalho pelo viés da industrialização. Adicionando esses complicadores, estados como Pernambuco e Maranhão ganharam enorme espaço na disputa da movimentação de cargas com seus Portos de Suape e Itaqui, respectivamente o quinto e o sétimo maiores do Brasil.
Surfando na falta de planejamento e sem saber ajustar a vela, o Estado assistiu a vocações de grande inclusão social serem prejudicadas por outras que poderiam ser alocadas no interior do Estado. O exemplo mais frustrante pode ser visualizado ao longo dos
573 km de litoral, transformados em paliteiro de aerogeradores que esterilizam extensas áreas vocacionada para o petróleo cearense ainda não extraído: o Turismo.
Enquanto o Estado queria indústria, os investidores só tinham olhos para o Turismo, a mais inclusiva atividade econômica existente. Olhavam nossas praias e vislumbravam um novo Caribe na esquina da América do Sul. Em 1995, o Estado acordou do sonho único e criou a Secretaria do Turismo (Setur), buscando uma agenda capaz de inserir o Ceará no jogo da economia do turismo. Contudo, abdicou de uma gestão profissional capaz de emular com os agentes econômicos do setor e preferiu entregar a pasta para políticos preocupados com as próximas eleições, e não com as próximas gerações.
Assim, estamos longe de ser uma São Paulo das indústrias e mais distante ainda de uma Flórida dos turistas. Como cantou nosso poeta, que partiu, “o passado é uma roupa que não nos serve mais”.
Allan Aguiar
allan@allanaguiar.com