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W. Gabriel: "Memes do presidente, Temer ou não?"
Opinião

W. Gabriel: "Memes do presidente, Temer ou não?"

Após serem noticiados pelo Fantástico, os memes sobre a crise política ganharam um investigador: o governo
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Memes são paródias da vida real, em formato de vídeo ou imagem, difundidos geralmente de maneira ampla via redes sociais. Utilizam-se de fotos, cenas de filmes, entrevistas ou qualquer outra mídia pública, apropriando-se da oportunidade do momento em que o fato ocorre, para gerar brincadeiras ou passar alguma mensagem.

 

Os alvos das piadas costumeiramente são grandes eventos, personalidades ou até fatos políticos de grande evidência na mídia. E foi essa liberdade humorística dos memes que desagradou à Presidência da República.


Após serem noticiados pelo Fantástico, da Rede Globo, os memes sobre a crise política ganharam um investigador: o governo. Por meio do Departamento de Produção e Divulgação de Imagem do Palácio do Planalto, páginas do Facebook que reproduziam memes com imagens de Michel Temer passaram a receber comunicados que bem pareciam recados de intimidação. Segundo o Planalto, as imagens divulgadas estavam disponíveis apenas para fins jornalísticos ou de divulgação das ações do governo, mas, caso houvesse qualquer outra finalidade, seria necessária autorização prévia, com citação dos créditos.


É fato que as redes sociais, por vezes, se transformam em um campo perigosíssimo para reputações pessoais. Frequentemente, temos casos de processos por calúnia, difamação e discriminação, realizados por pessoas públicas e comuns. Em casos humorísticos, os processos geralmente ocorrem por danos morais e assédio moral, a partir de piadas amplamente divulgadas contra alguém. Caberia, então, a Temer processar os difusores de memes que se utilizam de sua imagem ou proibi-los de utilizá-la? Ou seria melhor agir como Wesley Safadão, Padre Fábio de Melo e Obama, que se aproveitaram da popularidade humorística para aumentar o carisma com seu público? Talvez algo que muitos não sabem é que sátiras e paródias são legais, conforme a lei brasileira. Por isso, não são consideradas crimes.


É importante refletir, por outro lado, que a graça de algumas sátiras se sobrepõe ao respeito com a pessoa física e sua família, o que pode causar muitos danos. Sabe-se, contudo, que o próprio exercício do cargo político expõe seus membros a críticas e outras manifestações. Seja com pessoas comuns, seja com um presidente da República acusado de corrupção, os memes podem ser tanto engraçados e lúdicos quanto desrespeitosos e extremamente danosos.


A ação do governo de indiretamente tentar frear essa onda humorística dos memes certamente aumentou a polêmica sobre a baixa popularidade do presidente e a desconfiança acerca da política atual. Independente se buscavam resguardar a imagem pessoal de Michel Temer e de sua família, ou a reputação do próprio governo, a saída escolhida foi própria de quem não entende a liberdade dos meios online, seja esta autorizada, seja subversiva. Piadas sem graça sempre vão existir: ou você ri com ela para não permitir que cresçam ou trabalha para que não haja mais motivos para piadas.

 

W. Gabriel

wgabriel@wgabriel.net

Mestre em marketing, professor e consultor de marketing em mídias digitais

 

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