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Editorial: "Quais serão as consequências da greve?"
Opinião

Editorial: "Quais serão as consequências da greve?"

É preciso esperar para ver se o protesto acarretará estragos na política governamental
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Concordando-se com a greve geral ou discordando-se dela, decretada pelas nove centrais sindicais brasileiras, é preciso reconhecer que a mobilização causou impacto no governo de Michel Temer e terá repercussão entre os parlamentares encarregados de votar as reformas da Previdência e trabalhista. Porém, ainda é preciso esperar para ver se o protesto acarretará estragos de monta na política governamental ou se foi apenas um tropeço superável.

 

O protesto conseguiu unificar centrais com posições mais próximas do governo, como a Força Sindical, com as que fazem oposição. Teve também o apoio explícito da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), organização da Igreja Católica, e de algumas denominações protestantes, mostrando que o movimento alcançou setores para além da área sindical.


Mas, de pronto, é preciso repudiar a atitude de grevistas que fizeram barricadas, incendiaram pneus, depredaram ônibus ou usaram da violência para impedir que pessoas que não aderiram à greve pudessem chegar ao trabalho. Atitudes que, além de ilegais, atentam contra o próprio movimento, pois desperta a antipatia de amplos setores sociais.


Antes da paralisação, o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, divulgou nota afirmando ser a greve “um direito fundamental” do trabalhador. O representante do Ministério Público do Trabalho também considerou o movimento “justo e adequado” e “de resistência dos trabalhadores às reformas trabalhista e previdenciária”.


Ora, reconhecer que movimentos grevistas fazem parte do regime democrático e são garantidos na Constituição Brasileira não quer dizer alinhamento automático com suas ideias. Também não impede a discordância com os motivos que levam a uma paralisação. Além disso, as greves não devem ser vistas com condescendência. Manifestantes revoltam-se quando alertados que podem ter o ponto cortado. Mas grevistas estão sujeitos às consequências de seus atos e às penas deles decorrentes, se for o caso. E o corte do ponto enquadra-se nesse critério.


No mais, é preciso reafirmar a necessidade das reformas trabalhista e Previdenciária, essenciais para o Brasil retomar o crescimento.


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