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Márcio Martins: Cota para transexuais e transgêneros em concursos
Opinião

Márcio Martins: Cota para transexuais e transgêneros em concursos

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Você já imaginou ser agredido e morto apenas por existir, ser do jeito que você é e as pessoas odiarem você por isso?

 

Recentemente Dandara foi espancada até a morte, mal conseguia se mover, chorava indefensa. Bateram nela com um chinelo. “Viado ‘fêi’”, xingavam. Poucos dias antes, outra travesti, Herika Izidoro, havia sido espancada na avenida José Bastos e deu entrada no Instituto José Frota com traumatismo craniano. Está internada até hoje em estado grave, com perda de massa encefálica.


A tortura brutal de Dandara não foi só mais uma em meio às milhares de travestis que morrem todos os anos. Foi o estopim do “basta”, e esse “basta” não se dá com varinha mágica, mas com promoção de justiça social, de responsabilidade do poder público. A transfobia se mostra uma realidade tão latente e escancarada que pessoas como eu, héteros cisgêneros (pessoas que não são transexuais), pais de família, estão somando contra essa crueldade.


Cotas para travestis e transexuais não são privilégios. Não é porque essas pessoas são menos competentes que outras. É que o preconceito que elas sofrem é tão absurdo, a humilhação e a segregação são tão explícitas, que algo prático deve ser feito além de inúteis lamentos. Quantas professoras travestis nós conhecemos? Quantos vendedores? Motoristas? Médicos? Advogados? Elas são rejeitadas por uma sociedade e não conseguem emprego formal, e daí vem a necessidade da atuação do poder público para inseri-las no mercado de trabalho.


Desafio qualquer um a colocar a palavra “travesti” no Google e não sair algo relacionado a prostituição ou notícias de homicídios. Até quando ficaremos de braços cruzados? Proponho, portanto, um projeto de lei que reserva 2% das vagas dos concursos públicos municipais para transgêneros e transexuais. Estou fazendo a minha parte e ficarei muito feliz ao ver uma dessas pessoas vulneráveis fora das ruas, do perigo e da humilhação, com a dignidade e o respeito que merecem!

 

Márcio Martins

vereadormarciomartins@gmail.com

Vereador de Fortaleza (PR)

 

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