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Editorial: "Aumento de impostos abre nova frente de batalha"
Opinião

Editorial: "Aumento de impostos abre nova frente de batalha"

O governo Temer, que já tem a oposição dos movimentos sociais, terá agora confronto com empresários
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Desde que assumiu, a equipe econômica do presidente Michel Temer, liderada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tergiversava quando o assunto era aumento de imposto para fazer caixa para o governo, apelando para o modo condicional remetendo a questão para um futuro incerto, como uma espécie de providência emergencial.

 

Nesta semana Meirelles deixou as condicionantes de lado para afirmar que haverá aumento de impostos. O ministro disse que não haverá a criação de novos impostos (leia-se CPMF) e, sim, reajuste nos já existentes, citando o PIS/Cofins. Ele também disse que haverá a “reoneração” de algumas isenções fiscais que não tiveram efeito de fazer aumentar a produção.


Segundo Meirelles, o aumento de impostos ajudará a chegar à meta fiscal de R$ 139 bilhões, cujo rombo está em R$ 58,2 bilhões, valor que o ministro pretende arrecadar com mais cortes de gastos e o anunciado aumento de impostos.


Diferentemente de outras medidas que a equipe econômica defende como necessárias para combater a crise econômica – como a reforma trabalhista e as mudanças na Previdência – que têm o apoio do empresariado, no caso aumento de impostos o governo terá de enfrentar a oposição desse setor.


A poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) já reativou o “pato inflável”, usado pela entidade, no ano passado símbolo da campanha da contra aumento de impostos, e enviou recado direto ao ministro Henrique Meirelles em anúncios publicados em alguns jornais. Com o título “O que é isso, ministro?”, a Fiesp diz que a fala de Meirelles “causa total indignação”. Para a entidade, a medida é “descabida”. O certo é que nem trabalhadores nem empresários suportam mais tantos impostos no País.


O governo Temer, que já tem a oposição ferrenha dos movimentos sociais – enfrentando dura batalha para aprovar as reformas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e previdenciária –, abre uma nova frente de batalha, com o potencial de desagradar praticamente a todos os setores da sociedade, já atordoada com a sequência de escândalos.


E, pior, sem que consiga vislumbrar uma brecha, por mínima que seja, que possibilitará ao país superar uma das piores crises já vividas pelos brasileiros.

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