Interpretando as enormes subjetividades dessas leis ambientais em desfavor dos estabelecimentos comerciais que ainda dão alguma vida à principal praia urbana de lazer de Fortaleza, a artilharia dos legalistas foi apontada majoritariamente para o inimigo errado, as barracas, quando deviam ser direcionadas principalmente ao próprio setor público municipal/estadual/federal que se esquivou de sua função de ordenar e promover o zoneamento econômico e ecológico da faixa de praia ocupada, desde o século passado, pelo Brasil real.
A Fortaleza, sem indústrias ou agronegócio, restou virar uma monocultura do setor de serviços e depender visceralmente do turismo para gerar empregos e cidadania aos seus habitantes pelo vetor do comércio e serviços. Além de ser a praia de todas as classes sociais dos residentes, a excelente infraestrutura de atendimento notabilizou nossa Capital como sendo detentora da melhor praia urbana do Brasil.
Assim, qualquer encaminhamento que venha a ameaçar o sustento de tantas famílias não pode ser tomado em tribunais entre fracos e fortes, mas, sim, no mínimo, entre fortes e fortes. Punir as barracas por danos ambientais e “passar o trator” sobre elas, como comentam, transformará a Praia do Futuro na praia do passado: deserta e estéril.
A palavra é “dialogar”, ordenando urbanisticamente as barracas, dotando-as de todos os recursos sanitários, estimulando todos a frequentá-las e reforçando a boa hotelaria que começa a robustecer aquela orla.
Allan Aguiar
allan.aa.aguiar@gmail.comEx-secretário do Turismo do Ceará