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Trump retira EUA do Acordo de Paris e ameaça pacto climático mundial
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Trump retira EUA do Acordo de Paris e ameaça pacto climático mundial

Saída dos Estados Unidos coloca em xeque o sucesso do histórico pacto climático assinado em 2016. Autoridades criticaram polêmica decisão
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O presidente Donald Trump anunciou ontem a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris contra as mudanças climáticas, por considerar que este seja “desvantajoso” para os trabalhadores e os contribuintes americanos.

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“A partir de hoje, os Estados Unidos cessarão toda a implementação do Acordo de Paris não vinculativo e os encargos financeiros e econômicos draconianos que o acordo impõe ao nosso país”, afirmou Trump em pronunciamento no jardim da Casa Branca.


No entanto, o presidente procurou deixar a porta aberta, ao afirmar que seu governo está disposto a negociar novo acordo. “Então, estamos saindo, mas vamos começar a negociar e veremos se podemos fazer um acordo que seja justo. E se pudermos, isso é ótimo. E se não pudermos, tudo bem. Como presidente, não posso colocar outra consideração na frente do bem-estar dos americanos”, expressou.


Como resultado desta decisão, Trump disse que todos os compromissos não vinculativos adotados pela adesão ao acordo cessarão “a partir de hoje”, com efeito imediato.

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Horas antes do anúncio, a China e a União Europeia defenderam com vigor o Acordo de Paris, que pretende limitar o aumento da temperatura global “abaixo de 2ºC” em relação à era pré-industrial.


“A China seguirá implementando as promessas que fez durante o Acordo de Paris”, disse o primeiro-ministro chinês Li Keqiang em Berlim, após um encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel. “Mas, certamente, esperamos contar com a cooperação dos demais”, completou.


Pequim foi, ao lado do governo americano de Obama, um dos principais artífices do acordo histórico de dezembro de 2015. Merkel considerou, em declarações à imprensa, que o acordo é “essencial”.


A Rússia, um dos maiores emissores de gases poluentes e signatária do pacto, afirmou que a ausência de “atores essenciais” poderia complicar sua aplicação.


“A aplicação desta convenção na ausência de atores essenciais será mais complicada, mas por enquanto não há alternativa”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.


Os representantes da União Europeia adotaram um tom menos diplomático. Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, considerou inaceitável uma possível retirada de Washington.


“Sou partidário da relação transatlântica, mas se o presidente americano anunciar nas próximas horas que quer sair do Acordo de Paris, o dever da Europa será dizer: isto não é correto”, declarou. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pediu a Trump que permaneça no Acordo de Paris. “Por favor, não mude o clima (político) para pior”.


Dificuldades

O tema dividiu profundamente a cúpula do G7 da semana passada na Itália. Todos os seus participantes, com exceção de Trump, reafirmaram compromisso com o texto de Paris. O artigo 28 do Acordo permite que os signatários se retirem do pacto, mas apenas três anos após sua entrada em vigor, que se tornou efetiva em 4 de novembro de 2016. (AFP)

 

Saiba mais


A chefe de governo alemã, Angela Merkel, declarou que lamenta a saída dos EUA do Acordo de Paris sobre o Clima. “Lamento a decisão do presidente americano”, disse Merkel, que pediu que se continue com “a política climática que preserva a nossa Terra”. Anteriormente, vários de seus ministros social-democratas, entre eles seu ministro das Relações Exteriores, advertiram que a decisão de Trump “prejudicará” o mundo inteiro.


Outra solução para os EUA, ainda mais radical, poderia ser uma saída da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática. O objetivo dos EUA definido pela administração Obama é uma redução de 26% a 28% das suas emissões de gases de efeito estufa até 2025, em relação a 2005.

 

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