A regulação da Letra Imobiliária de Crédito (LIG) surge como estratégia para recuperar o setor imobiliário brasileiro. Anunciada no último dia 30, é inspirada nos modelos de títulos privados utilizados na Europa. A Letra é mais uma opção para investidores aplicarem recursos, servindo como uma alternativa aos rendimentos da poupança ou da Letra de Crédito Imobiliário (LCI). Ainda não há data para o início efetivo das funcionalidades da LIG.
[FOTO2]
O diferencial da LIG em relação às outras opções de fundo de investimento é a segurança que ela trás ao investidor. Para quem aplicar dinheiro, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) irá garantir reservas até R$ 250 mil. Caso o empreendimento aplicado abra falência, haverá recuperação dos recursos investidos. Para ter acesso ao serviço, o consumidor deve entrar em contato com seu banco e buscar a melhor opção para investimento.
[QUOTE1]Como fundo de crédito privado, todo o dinheiro investido será revertido para financiamento de obras imobiliárias. De acordo com Ricardo Coimbra, mestre em Economia, a medida vem no momento certo para ajudar o setor imobiliário. “Aparentemente é uma boa opção, pois é mais uma alternativa para o investidor e para o setor imobiliário captar recursos. (A LIG) estimula o crescimento da área da construção civil, que foi um dos mais afetados pela crise econômica”, explica.
Presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-CE), Apolo Scherer, diz que a medida é positiva. “Ainda não se sabe quais serão as regras dela, mas a gente tem a história de sucesso dos países desenvolvidos, onde os mecanismos têm tido resultados muito bons. É uma boa estratégia por ter garantia. Não se sabe, no entanto, se haverá tributação do imposto de renda. Fundos de investimento imobiliário são os melhores fundos do mercado, porque a rentabilidade desse mercado é boa e segura”, ressalta Apolo.
Banco Central
O diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Ribeiro Damaso, comenta a implementação da LIG e garante que o BC não vai misturar o instrumento com as regras de direcionamento. “Todas essas demandas que surgiram e vão surgir, pelo menos enquanto eu estiver na diretoria de regulação, não vão ter espaço”.
O diretor do BC disse ainda que, durante a elaboração da LIG, houve esforço para deixá-la alinhada com padrões internacionais. Segundo ele, a autoridade monetária não queria tornar o instrumento mais uma “jabuticaba brasileira”. Além disso, Damaso afirmou que é preciso pensar em reformular a hipoteca.
Damasso afirma que o financiamento imobiliário no Brasil, que hoje representa cerca de 10% do PIB, tem potencial para superar os níveis de 20% ou 30%.
“Quando olhamos para economias emergentes similares à nossa, o mercado é de 20% ou 30%. Para economias desenvolvidas, vai para 50% ou 70%. E o Brasil parou em 10%”, compara.
AE