[SAIBAMAIS]
No Brasil, culturalmente, o time que detém maior posse de bola é visto como o superior e controlador das ações. Jogar sem ela é postura de “time pequeno”, que sucumbiu à superioridade técnica do oponente. Mas não necessariamente a interpretação deve ir por esse viés. Contra o Boa, o Ceará controlou a bola em 60% do tempo de jogo e acertou 90% dos passes (473), mas só teve três finalizações certas, na direção do gol. Houve claramente um falso domínio, com muitos passes no campo defensivo, sem sucesso na tentativa de furar a defesa do time mineiro, que trocou bem menos passes (304), mas marcou quatro gols.
“Desde o início deu pra perceber que a equipe estava abaixo. Não tivemos força ofensiva, fizemos muito pouco em relação à criação de oportunidades. A estratégia não funcionou. Temos que mudar isso já na sexta-feira (contra o Náutico)”, avaliou o técnico Marcelo Chamusca.
Nas vitórias sobre Paysandu, Criciúma e CRB, o Vovô teve maior posse que o adversário; contra o ABC, o percentual foi de equilíbrio. O triunfo por 2 a 1 sobre o Papão foi o que o time teve maior posse (55%), mesmo assim ficou abaixo dos 60% na derrota para o Boa. Prova que, nessas ocasiões, a equipe teve maior verticalidade e foi mais eficiente.
“Não faz mais sentido expor a superioridade ou inferioridade de uma equipe por meio da posse de bola. Afinal, essa posse de bola se deu onde? Na defesa, entre os zagueiros, ou no terço final do campo, perto do gol? Houve quantas chances claras de gol? O que é mais proveitoso: uma equipe que sempre toca para trás ou aquela que sabe acelerar e cadenciar?”, analisa o jornalista Leo Miranda, do Blog Painel Tático, do Globoesporte.com.
Dentre os erros citados por Luiz Otávio e Chamusca, converter a posse em domínio ofensivo e chances de gol é o principal aspecto a corrigir diante do Náutico, sexta, às 19h15min.