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O futsal como ferramenta para a ressocialização de presos
Esportes

O futsal como ferramenta para a ressocialização de presos

Usado como ferramenta para melhorar disciplina e convívio dentro de presídio, esporte foi motivo para reunir presos e seus familiares na final do campeonato de unidade do Complexo Prisional de Itaitinga
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Descalço, assim como os demais, e vestindo a camisa 10 do Monte Moriá, Charmilson, 27 anos, lutou incansavelmente por um gol. Além de ajudar o próprio time na final do campeonato, queria marcar diante da sua calorosa torcida, formada pelas duas irmãs, Charliene, 26, e Charmila de Oliveira, 23, que puderam acompanhar lance a lance à beira da quadra cercada por imensos muros, no Centro de Execução Penal e Integração Social Vasco Damasceno Weyne (Cepis), unidade do Complexo Prisional de Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).


Tanto esforço valeu a pena. No fim da partida, tocou por baixo das pernas do goleiro adversário e recebeu abraço afetuoso das irmãs na comemoração, fechando a goleada por 4 a 1 sobre o time Pavilhão 5.


O time de Charmilson foi campeão ontem do primeiro campeonato de futsal de detentos da Cepis, que chegou a reunir 36 equipes e 180 internos da unidade desde maio.


Alguns familiares puderam assistir à decisão e rever parentes presos. No fim do jogo, todos comemoraram.


Segundo o diretor-adjunto da penitenciária, Lissandro Moreira, a atividade esportiva desenvolve disciplina, integração e organização entre as vivências, além de tirar os presos do “ócio” do cárcere. “O esporte dentro das unidades é mais potencializado, melhora o convívio”.

Além do esporte, a Cepis oferece aulas desde a alfabetização até o ensino médio; cursos profissionalizantes devem começar na próxima semana. Atualmente, 70 apenados prestam serviços a empresas e recebem salários.


O educador físico Ricardo Garcia, responsável por coordenar as atividades esportivas no Cepis, explica que o futsal combate a ansiedade dos internos.


“Vêm para a quadra e esquecem da convivência, só pensam em jogar bola. É uma ferramenta que ajuda (contra) a depressão, na saída do cárcere. Traz melhorias físicas, se sentem melhor na abstinência de drogas”. Os presos praticam o esporte três vezes por semana.


GOL SOCIAL


Para Charmilson, que cumpre pena há um ano e sete meses, o futebol é um momento de felicidade no cárcere. As irmãs dele também reforçam a importância do esporte na unidade.


“É bom para ocupar a mente, pensar em oportunidades, anima a pessoa. Não é porque está preso que não pode ter uma oportunidade”, afirma Charliene.


Andrezza Alves, 22, companheira de Francisco Leonardo, 19, interno da Cepis e jogador do Pavilhão 5, acredita que o esporte melhora o humor dele no dia a dia. “Ele está arrependido, não quer voltar nunca mais (ao crime). Todo dia jogava (antes de ser preso), até doente ia jogar”, conta.

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