Já esperada pelo mercado, a revisão da meta de déficit fiscal para R$ 159 bilhões em 2017 e 2018 não trouxe turbulências ao mercado financeiro. Mas a expectativa é que o Governo Federal consiga voltar a discutir sobre a reforma da Previdência para ganhar credibilidade. O dólar comercial operava em queda de 0,29%, por volta das 13 horas. No fechamento, a moeda caiu 0,87%, a R$ 3,1458. A maior queda desde 12 de julho (-1,35%).
O Índice Bovespa teve sua quarta alta consecutiva e se aproximou mais um pouco do patamar dos 69 mil pontos - melhor marca do ano. A valorização foi garantida pela manutenção do cenário externo favorável e pela percepção de que não houve surpresas no anúncio da revisão das metas fiscais de 2017 e 2018.
Previdência
Isso porque o Regime Geral da Previdência Social (RGPS) gastou, em 2016, mais de R$ 500 bilhões (8% do PIB e 40% da despesa primária) e deve gastar esse ano R$ 560 bilhões, de acordo com o Ministério do Planejamento. O déficit previdenciário foi de R$ 150 bilhões (2,4% do PIB) no ano passado e as projeções para 2017 são de R$ 185 bilhões, contemplando quase 34 milhões de beneficiários. Os benefícios do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) também impactam e o País gasta quase 2% do PIB e mais de 9% da despesa primária para pagar as aposentadorias de um milhão de funcionários públicos federais.
“O Brasil gasta atualmente metade da sua despesa primária somente com aposentadorias. Com a emenda da Constituição do teto dos gastos, e, caso a reforma não seja aprovada, o País vai comprometer mais de 80% dos seus gastos com aposentadoria em dez anos, segundo projeções do Ministério do Planejamento. Com isso, a dívida bruta do Brasil que está pouco acima de 70% do PIB pode chegar aos 100% em poucos anos”, avalia.
Segundo o professor de macroeconomia do Ibmec-RJ e economista da Órama Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, Alexandre Espírito Santo, o cenário internacional está favorável, o que dá suporte para os ativos no Brasil. O economista afirma que o mercado financeiro sabia que era necessário fazer a revisão da meta fiscal. “Foi uma etapa superada de maneira relativamente positiva, e agora o mercado vai esperar como o Governo introduzirá de novo a reforma da Previdência”.
Sem a reforma da Previdência, diz o economista, será preciso alterar a meta novamente em 2018, e o mercado vai começar a perder a confiança no governo. “Fizeram um contingenciamento (bloqueio de gastos) muito forte, e o mercado deu o benefício da dúvida. Mas o mercado não vai dar o benefício da dúvida para sempre”, destaca.
Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o que pode ser afetado no País com a mudança da meta é principalmente a geração de empregos e o crescimento econômico.
Com agências
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